DesvalorizaÃÃo do trabalho e consumo honorÃfico em Recife (1837-1844)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Partindo-se da evidÃncia segundo a qual persiste todo um panorama de relaÃÃo entre valorizaÃÃo-desvalorizaÃÃo dos indivÃduos em funÃÃo do tipo de ofÃcio desempenhado e a capacidade de consumo distintivo como meio de ressaltar a condiÃÃo social, tomamos o Ãmpeto de avaliar estes processos na sociedade escravista brasileira. Sob a vigÃncia do regime escravista, a aÃÃo e o espectro de suas implicaÃÃes eram abrangentes, afetando a dimensÃo de reconhecimento e valoraÃÃo das atividades empreendidas na produÃÃo direta, uma vez que os ofÃcios manuais estavam associados a um pejorativo estado de submissÃo e desvalorizaÃÃo social de seu realizador. Impregnados por estigmas simbÃlicos que tendiam a impingir um degradante grau de vexame social, estes ofÃcios e atividades eram evitados por indivÃduos livres porque estavam associados ao degradante estado da condiÃÃo cativa de existÃncia. AlÃm de contaminar determinados ofÃcios mecÃnicos com o aviltamento associado ao trabalho escravo e seu emprego em tais atividades, a mentalidade predominante acabou por ressaltar a isenÃÃo de tais ofÃcios como meio de diferenciaÃÃo. Como maneira mais ressaltada de demonstrar um privilegiado estado de subsistÃncia e status, indivÃduos que orbitavam entre meios mais abastados ou mesmo que dispunham de condiÃÃes apenas suficientes para escapar de tal condiÃÃo subalterna acorriam a meios capazes de anunciar e alardear sua situaÃÃo seja no emprego de tempo e esforÃo em atividades intocadas por tal mÃcula. Tomando-se ainda o consumo como fator distintivo, evidencia-se que a capacidade de dispor de meios materiais suficientes para o dispÃndio em bens que agregam valores simbÃlicos honorÃficos era algo amplamente perseguido por quem pretendesse indicar um efetivo ou suposto estado de reconhecimento social. A ambientaÃÃo deste estudo na cidade do Recife no perÃodo de governo de Francisco do RÃgo Barros, entÃo BarÃo da Boa Vista (1837-1844), encontramos, considerando a possibilidade documental, um apelo para o fato de que em tais circunstÃncias, alÃm da condiÃÃo depreciativa sobre o trabalho braÃal persistiu um apelo pelo desejo e pelo projeto de modernizaÃÃo âcivilizadorâ da cidade, considerando os moldes e perspectivas da elite local influenciados por modelos de civilidade europeus. Esta proposta reivindicava dotar a cidade de estruturas de convivÃncia e fluÃncia de maneirismos e hÃbitos presumivelmente renovados de civilizaÃÃo e requinte. Tal ambiente tornava mais propÃcio o impulso pelo consumo honorÃfico e pelas maneiras e costumes que envergassem maiores apelos distintivos. Tomando como fontes a imprensa escrita atravÃs de artigos, notÃcias e anÃncios, relatos de cronistas contemporÃneos e documentaÃÃo inventarial e testamentos, o estudo parte de aspectos contidos na obra A teoria da classe ociosa, de Thorstein Veblen, e busca avaliar o emprego do consumo e da isenÃÃo relativa ao trabalho manual na capital pernambucana em um perÃodo tido como Ãureo de desenvolvimento da provÃncia em termos produtivos, polÃticos e tambÃm em termos de sua vida sÃcio-cultural

ASSUNTO(S)

distinÃÃo social histÃria manual offices historia escravidÃo honorific consumption social status trabalho escravo rego barros government governo rÃgo barros - recife (1837-1844) civility status social slavery

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