A ALTERNÂNCIA ENTRE O PRETÉRITO IMPERFEITO E FUTURO DO PRETÉRITO NA EXPRESSÃO DA HIPÓTESE

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a alternância entre o pretérito imperfeito e do futuro do pretérito do indicativo em textos escritos, num corpus constituído de duas partes: a primeira com excertos de correspondências entre a Coroa Portuguesa e autoridades da Coroa no Brasil durante o século XVIII; a segunda de redações produzidas por alunos da segunda série do ensino médio dos Colégios Academia de Comércio e João XXIII, durante o ano de 2006. Num segundo momento da pesquisa, ampliamos a proposta com redações de alunos do 2 e 8 períodos do Curso de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Por último, selecionamos alguns trechos de produções das diferentes séries analisadas e montamos um questionário, proposto a vários professores de Língua Portuguesa, no qual esses profissionais deveriam indicar qual (quais) correção (ões) fariam nos referidos trechos; mas não indicamos o foco da pesquisa, a fim de não influenciá-los. Esse questionário visava verificar qual tem sido a tendência de comportamento da escola com relação ao fenômeno estudado. A análise do material obtido foi feita com base nos pressupostos teóricos da Sociolingüística Variacionista, focalizando os processos de expressão da hipótese por meio dos tempos verbais acima citados, e levando em consideração fatores como sexo, escolaridade, situação sócio-econômica dos alunos, bem como o contexto de produção. No material estudado, a ocorrência do imperfeito do indicativo com idéia de continuidade prevalece, tanto nas correspondências do século XVIII quanto nas redações produzidas no ano de 2006; mas há sinais de alternância entre pretérito imperfeito e futuro do pretérito para expressar hipótese. Como esta, embora não sendo a forma preconizada pela norma padrão de nossa língua, é amplamente usada em contextos mais informais (especialmente nos orais), somos levados a pensar esse fenômeno, não como uma competição entre formas das quais uma prevaleceria, mas como uma penetração da linguagem oral na expressão escrita, um traço de informalidade que, na fluidez da produção textual, passa à linguagem escrita, sem que haja prejuízo na informação transmitida. A mudança aqui reside na modalidade utilizada. Acreditamos que o fato de já encontrarmos oscilação entre esses usos em textos escritos tidos como formais seja um indicativo de tendência à mudança com a prevalência do uso do imperfeito para expressar o irreal , caso o valor agregado ao futuro do pretérito deixe de ser disseminado pelos veículos reguladores de língua padrão. Porque, conforme observamos, o referido emprego ainda é visto como impróprio por parte da maioria dos professores que responderam a pesquisa, o que nos leva a acreditar que essa atitude seja o que mantém e manterá enquanto a escola continuar a exercer seu papel de transmitir a linguagem padrão o uso freqüente do futuro do pretérito nesse contexto, impedindo (ou, ao menos, retardando) o avanço do uso da primeira forma na referida posição. O uso da segunda forma, que percebemos também freqüente na linguagem escrita, é um forte indicativo de tendência à mudança

ASSUNTO(S)

lingüística linguistica

Documentos Relacionados