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A assistência odontológica no SUS na perspectiva do usuário e o direito à saúde bucal

Luciara Leao Viana

Introdução: A Bioética, em sua vertente ligada à saúde pública e em especial a Bioética de Intervenção, propõe se constituir como instrumento para defesa da cidadania, dos direitos humanos e da justiça social. Em relação à saúde bucal, apesar da redução na prevalência de cárie dental no Brasil, persiste, especialmente entre os adultos, a dificuldade de acesso à assistência odontológica. O objetivo da pesquisa foi compreender os interesses e a trajetória das usuárias dos serviços odontológicos públicos (SUS) na resolução de seus problemas de saúde bucal e de seus filhos, tomando como referência princípios bioéticos que reconhecem a saúde como um direito de cidadania. Metodologia: Foi realizada revisão bibliográfica sobre Bioética na Saúde Pública e suas aplicações no cenário atual no Brasil, buscando construir um ponto de partida para a pesquisa sobre a situação da assistência odontológica na perspectiva dos usuários, suas demandas e percepções da assistência ofertada. Em seguida, foi feita pesquisa qualitativa, utilizando a técnica de entrevistas semiestruturadas com 15 usuárias do sistema público de assistência odontológica do município de Diamantina, Minas Gerais. Para tratamento dos dados utilizou-se a análise de conteúdo, tomando como referencial teórico as proposições do interacionismo simbólico de Erving Goffman e o conceito de habitus de Bourdieu. Resultados: A maioria descreve seus dentes de forma negativa, situação que atribuem dever-se às suas más condições de vida na infância e na adolescência e à inexistência de acesso à assistência odontológica, a não ser para extrair o dente. Os dentes cariados, feios ou ausentes são para elas motivo de vergonha e de privação nas relações sociais e o valor social do dente se sobrepõe ao aspecto estrito de saúde. Não conseguem, ainda hoje, acesso ao tratamento especializado no sistema público. Conclusão: O direito à saúde bucal e ao bem estar na sociedade ainda são uma quimera para as mulheres desta pesquisa. Elas sequer visualizam a possibilidade de terem acesso a tratamentos odontológicos que recuperem a boa aparência da boca.