A concepção social da sífilis no Brasil : uma releitura sobre o surgimento e a atualidade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Neste trabalho aborda-se a concepção social da sífilis no Brasil, fazendo uma relação dos elementos históricos e contemporâneos do contexto social e epidemiológico da doença na saúde pública do Brasil, por meio de uma revisão da literatura científica sobre sífilis e AIDS. As transformações do processo de manifestação da doença, desenhadas pela sua história epidemiológica, estão intrinsecamente vinculadas ao processo social contextual que dita a sua própria realidade. No período colonial a disseminação da doença considerou aspectos políticos e econômicos relacionados à demarcação territorial dos colonizadores e a miscigenação racial. Em períodos mais recentes, as epidemias que foram novamente agravadas a partir do século XIX, estiveram da mesma forma, condicionadas aos fatores políticos e econômicos de interesse nacional, desta vez, industrial e modernizador, que implicava nas condições de saúde da população massificada. Neste período, já em aspectos culturais, a doença ainda era fortemente hostilizada. O que, com certeza, tornou os doentes mais oprimidos, omissos e rebeldes ao tratamento, dificultando as primeiras tentativas de combate ao preconceito, realizadas pela categoria médica. Essa realidade epidemiológica estereotipou a prostituta como a forma luxuriosa do "mal". Atualmente o discurso sobre o preconceito em relação à sífilis perde seu poder de estigma, sobrepondo-se o argumento científico. Contudo, a mesma discussão hoje persegue a AIDS. Há uma dissociação entre AIDS e DST. O foco maior colocado na AIDS pode reforçar uma concepção de discriminação da doença e dos doentes, elementos que as demais DST já superaram.

ASSUNTO(S)

sífilis sexualidade história da medicina síndrome de imunodeficiência adquirida

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