A importância da glicose para a tolerância/intolerância ao congelamento dos anfíbios anuros Rana catesbeiana e Bufo paracnemis
AUTOR(ES)
STEINER, A. A., PETENUSCI, S. O., BRENTEGANI, L. G., BRANCO, L. G. S.
FONTE
Revista Brasileira de Biologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2000-05
RESUMO
Diversas espécies de rãs terrestres, tartarugas e insetos desenvolveram mecanismos para resistência ao congelamento, como o aumento dos níveis de glicose, proteínas anticongelantes e enzimas antioxidantes. Neste estudo, verificou-se a importância da glicose para a crioresistência de dois anfíbios anuros: a rã Rana catesbeiana e o sapo Bufo paracnemis. Os animais foram expostos a -2ºC para medidas de glicemia, conteúdo de glicogênio muscular e hepático, hematócrito e volume celular das hemácias. As rãs sobreviveram à exposição, enquanto os sapos não. A glicemia aumentou de 40,35 ± 7,25 para 131,87 ± 20,72 mg/dl (P < 0.01) quando as rãs foram transferidas de 20 para -2ºC. Este acúmulo de glicose em resposta à exposição ao frio foi acompanhado por uma redução (P < 0.05) no conteúdo de glicogênio hepático de 3,94 ± 0,42 para 1,33 ± 0,36 mg/100 mg de tecido, indicando que o catabolismo do glicogênio hepático foi, provavelmente, a principal fonte de carbono para a síntese de glicose, enquanto o glicogênio muscular parace ser de menor importância. Nos sapos, a hiperglicemia induzida pelo frio foi relativamente menor (de 27,25 ± 1,14 para 73,72 ± 13,50 mg/dl; P < 0.05) e não verificou-se variação significativa no conteúdo de glicogênio muscular e hepático. A exposição a -2ºC não teve efeito sobre o hematócrito das rãs, mas reduziu significativamente (P < 0.01) o hematócrito dos sapos de 20,0 ± 2,1% para 5,8 ± 1,7%, devido a uma redução do volume das hemácias (de 1532 ± 63 para 728 ± 87 mm³). Quando glicose foi injetada nos sapos, a glicemia elevou-se a níveis similares àqueles das rãs e o hematócrito não variou, mesmo assim os sapos não se tornaram crioresistentes. Em conclusão, a deficiência no catabolismo da glicose, induzido pelo frio, não parece ser o único mecanismo responsável pela intolerância ao congelamento de Bufo paracnemis, uma espécie não tolerante ao congelamento.
ASSUNTO(S)
bufo paracnemis rana catesbeiana tolerância ao congelamento criopreservação glicose
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