A memória humana no uso de senhas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Quantas senhas você precisa lembrar apenas para gerenciar suas informações na Internet? Isso sem falar nas contas bancárias, ou naquelas referentes à vida profissional. De fato, muitas das deficiências dos sistemas de autenticação por senhas se originam das condições de funcionamento da memória humana. Se não fosse necessário lembrar de senhas, elas poderiam, com certeza, ser muito seguras. A abordagem da Segurança da Informação ao enfrentar os problemas relacionados ao uso de senhas parece se concentrar nos aspectos tecnológicos. Da mesma forma, o usuário tem sido considerado o elo mais fraco na cadeia de segurança, indicando que os fatores humanos acabam comprometendo a segurança que a tecnologia pretende aumentar. Por isso, verificou-se a necessidade de melhor compreender os fatores humanos e buscar alternativas de incluí-los em sistemas de autenticação por senhas. Dessa forma, a presente tese relata dois estudos empíricos. O primeiro estudo descreve um levantamento realizado com o objetivo de identificar os principais fatores que comprometem a recordação de senhas. Neste estudo foram entrevistados 263 participantes de ambos os sexos, com idades entre 18 e 93 anos, e com escolaridade variando de baixa a superior. Os dados indicaram que, independente da idade e da escolaridade, o número de usos de senhas (em média 5,38 senhas por usuário) é o fator que mais influencia o desempenho da memória para senhas. Assim, usuários com escolaridade mais alta, por possuírem várias senhas, mostraram uma maior tendência ao à confusão no uso de senhas. Ao contrário das expectativas, não foi observado efeito do declínio cognitivo (devido ao envelhecimento) na memória para senhas. Em suma, a necessidade de memorizar senhas seguras, por ignorar as condições naturais de funcionamento da memória humana, gera efeitos de vingança: hábitos que comprometem a própria razão pela qual as senhas são usadas. Com o segundo estudo buscou-se explorar idéias baseadas na Psicologia Cognitiva visando a melhorar o desempenho da memória no uso de senhas. Através de dois experimentos investigou-se o efeito da repetição elaborativa e do uso de pista como auxílio à recordação de senhas, visando a promover a geração de senhas fortes e recordáveis. O Experimento 1 avaliou o efeito da repetição elaborativa e do auxílio de pista na composição, tamanho e potencial de segurança das senhas geradas, comparadas com um grupo controle. A recordação das senhas foi testada em dois momentos, após 5 minutos e uma semana depois. Os resultados do experimento 1 indicaram que as pessoas tendem a observar somente os requisitos obrigatórios, apesar da instrução. O Experimento 2, buscou avaliar o desempenho da memória após um intervalo maior de tempo decorrido, ou seja, cinco semanas depois da geração da senha. Não foi observado efeito de grupo (experimentais vs. controle) na recordação da senha. Entretanto, foi identificada uma possível variável confundidora, o efeito de espaçamento causado pelo login depois de um intervalo de 5 minutos, o que de acordo com os estudos de memória favorece a codificação. Em ambos os experimentos os níveis de recordação foram altos. Ainda, os erros cometidos em tentativas de login mal-sucedidas foram criteriosamente examinados e categorizados. Os tipos de erros observados sugerem que muitas vezes os usuários lembram da essência da senha, mas esquecem de detalhes do formato no qual a senha foi criada. A presente tese conclui considerando alguns dos principais achados relatados nos estudos e suas possíveis implicações. Além disso, visando reduzir a distância entre o mundo da tecnologia e de seus usuários humanos, cuja interação tem sido freqüentemente negligenciada, são apontadas sugestões para futuras investigações, bem como limitações dos trabalhos realizados

ASSUNTO(S)

seguranÇa da informaÇÃo memÓria memÓria - aspectos psicolÓgicos psicologia

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