A poiesis da nação em Mia Couto : fragmentos de um olhar

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este trabalho busca ler as formas de representação da nação moçambicana em gesta na literatura de Mia Couto, a partir da análise de três dos seus romances: Terra sonâmbula, A varanda do frangipani e O último voo do flamingo. Dialoga teórica e criticamente com fragmentos do pensamento benjaminiano, a grande moldura para essa reflexão, atualizados em alguns tropos das teorias pós-coloniais de Edward Said, Stuart Hall e Homi Bhabha. Interessa-me, neste trabalho, sobretudo a teoria da narração benjaminiana, sua especulação sobre o que é contar a História, as histórias, e as estórias de Couto, em que tempo e memória são seus eixos fundamentais. Em um tempo-espaço que resiste à perda da experiência (Erfahrung), ao declínio da capacidade de narrar em um mundo de vivências (Erlebnisse) fragmentadas, a palavra salvadora de Couto vai criando Moçambique, a contrapelo de qualquer modelo homogeneizador de nação, reafirmando a ambivalência dos seus interstícios. Suas metáforas e alegorias marcadas pelo movimento da errância, do exílio e de todo tipo de des-locamento revelam um universo social, político, cultural e religioso que se coloca em um lugar intervalar de tradução cultural, um terceiro espaço, entre uma tradição que ainda insiste em revisitar o passado, que não e mais concebido como fixo ou imutável, e um presente pós-colonial que configura um tempo de emergência, um tempo do agora, o Jetztzeit benjaminiano. Em um mundo cindido entre Erfahrung e Erlebnis, em constante territorialização/desterritorialização /reterritorialização, a literatura de Couto escreve e falam.

ASSUNTO(S)

couto, mia - crítica e interpretação linguistica, letras e artes criticism and interpretation literatura mocambicana

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