A trajetória histórica do movimento docente de Minas Gerais: da UTE ao Sind-UTE

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Diante das mudanças ocorridas no mundo do trabalho, principalmente a partir dos anos 80, tornou-se significativo estudar o comportamento do movimento sindical dentro deste contexto.A minha preocupação específica recai sobre o movimento dos trabalhadores da educação de Minas Gerais, justificando-a em virtude da minha atuação profissional e sindical no referido movimento. O movimento citado teve uma relevância durante o final dos anos 1970, quando se insere no contexto do chamado Novo Sindicalismo. Diante dessas observações e, no decorrer dos anos pude, também, constatar que o movimento, no que diz respeito ao discurso empregado para motivar o conjunto dos trabalhadores afim de que possam engajar nas lutas, aparentemente permanece o mesmo, assim como as estratégias, ou seja, assembléias, reuniões de representantes e até o recurso extremo dos movimentos grevistas. Conforme observações empíricas, este comportamento do movimento sindical está mais enraizado nos trabalhadores da educação do serviço público, em que o recurso da greve é utilizado com mais freqüência. Entretanto, o que me intriga é a permanência de uma prática sindical praticamente estática, mesmo diante de momentos conjunturais diversos que parece estar levando ao distanciamento do sindicato frente às suas bases, principalmente porque, mantendo as estratégias e a linguagem, os resultados dos movimentos são cada vez mais negativos, tanto no que diz respeito às reivindicações econômicas, assim como no plano da organização política do movimento. Pois, as greves nas redes públicas em Minas Gerais, estão acontecendo quase que anualmente e os resultados econômicos e/ou políticos não estão sendo positivos, portanto urge estudá-las e analisá-las, principalmente quando se verifica a persistência e a insistência na estratégia. O corte cronológico trabalhado em minha tese reflete o desenvolvimento do movimento dos trabalhadores da educação em Minas Gerais, ou seja, investiguei a partir do final da década de 70 até o início do século XXI. Justifica- se este corte em função de que é a partir da década de 70, após um movimento grevista, que se cria a União dos Trabalhadores da Educação dentro de um contexto de crise da ditadura militar no Brasil. Inclusive ressalta-se que a denominação Trabalhadores da Educação é uma inovação dentro de um movimento de professores. Não se deve esquecer que o movimento de professores inaugura-se no Brasil com as greves da Bahia e Paraná em 1978, sendo que um ano depois, 18 de maio de 1979, os docentes mineiros realizam uma greve com duração 41 dias e atingindo 420 municípios. Daí o meu ponto de partida analítico. Estendendo-se às décadas posteriores, procurei estabelecer parâmetros comparativos para que se possa desvelar a razão das permanências e/ou mudanças das práticas sindicais já referidas no corpo deste trabalho. O meu trabalho se insere, portanto, na perspectiva analítica dos movimentos sociais que desabrocham no final da década de 70, contextualizando-se com o Novo Sindicalismo e como diria Eder SADER, e os novos autores que adentram na cena social e política brasileira. Apontaram no sentido de uma política constituída a partir das questões da vida cotidiana. Apontaram para uma nova concepção de política, a partir da intervenção direta dos interessados. Colocaram a reivindicação da democracia referida às esferas da vida social: nas fábricas, nos sindicatos, nos serviços públicos e nas administrações nos bairros. (SADER, 1988:313) Portanto, após as pesquisas realizadas, seja através das entrevistas colhidas, utilizando as técnicas de História Oral, na bibliografia referente ao mundo do trabalho e, em específico o sindicalismo, em documentos produzidos pela entidade analisada (UTE/Sind-UTE) e na imprensa escrita tanto em jornais da chamada grande imprensa como nos jornais ditos alternativos de época, aponto no sentido que na trajetória histórica do movimento docente em Minas Gerais ocorrerá um estranhamento entre o núcleo dirigente/base social.

ASSUNTO(S)

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