Ação do colageno extraido de tendões bovinos (colageno tipo I) na recuperação de lesões da mucosa duodenal induzidas por lectinas de feijão (Phaseolus vulgaris) : modelo experimental em ratos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/08/1992

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo estudar uma nova utilização ao tendão bovino, subproduto da indústria animal, mais particularmente ao colágeno tipo I extraído, purificado e reconstituído na forma de gel, visando sua aplicação no tratamento de ulcerações do trato gastrintestinal (duodeno). Para se obter o colágeno, os tendões foram colocados em solução de ácido acético adicionada de pepsina, seguida de homogeneização por 48 horas (10-12°C), para logo após ser centrifugada. O material não colagênico insolúvel foi descartado e as fibras colágenas reconstituídas a partir do sobrenadante por adição de NaCl para completa precipitação destas fibras. As lesões do trato gastrintestinal de ratos Wistar foram obtidas pela ação tóxica de lectinas, quando os animais passaram a ser alimentados com dieta contendo feijão (Phaseolus vuIgaris, cv Aroana) cru. Esses feijões foram moídos e analisa dos quanto a composição centesimal, e empregados como única fonte protéica na formulação da dieta, em ensaio randomizado. No período de aclimatação (4 dias) os animais foram mantidos em dieta não-purificada de fórmula fechada (DC) e água. O grupo controle após esse período continuou nesta dieta até o final do experimento enquanto o grupo a ser testado passou a receber a dieta contendo o feijão cru (DU). Os animais foram mantidos em condições controladas de temperatura e ciclo de luz em gaiolas individuais, e receberam as dietas e água ad libitum. Após 09 dias, com a morte de 25% dos ratos, sabendo-se que desta forma ter-se-ia animais lesionados e em estado grave, foi encerrado o período da ocorrência das lesões e sacrifica dos alguns animais dos dois grupos (controle e lesão) e extraí do os duodenos para posterior exame histológico. Os animais restantes foram divididos em dois grupos, sendo um tratado com gel de colágeno e outro com água destilada esterilizada por intubação oro-gástrica nos tempos 0, 24 e 48 horas, sendo, desta forma coletados os duodenos para histologia, em 24, 48 e 72 horas desde a primeira intubação. Durante e após período de intubação, os animais restantes, 4 por tratamento, foram alimentados com dieta DC e água ad libitum, por mais 22 dias, em um experimento de crescimento. Os resultados obtidos na análise de crescimento ponderal mostraram que os animais, após terem tido um ganho de peso de aproximadamente 31% no período de aclimatação, passaram a perder peso quando alimentados com dieta DU, chegando esta perda ser de aproximadamente 31%. Quando retirados desta dieta, tratados com gel de colágeno ou água e alimentados com dieta DC, esses animais voltaram a ganhar peso e chegaram ao final dos 35 dias, com os tratados com colágeno não apresentando diferença significativa (p <0,05) quando comparados aos controles. Os resultados obtidos do exame histológico da mucosa duodenal dos ratos alimentados com dieta DU apresentaram lesões generalizadas, modificando a morfologia tecidual das vilosidades, glândulas de Lieberkuhn e atingindo até mesmo a lâmina própria. Observou-se que aqueles animais que foram tratados com gel de colágeno apresentaram integridade morfológica na mucosa duodenal já nas primeiras 24 horas após intubação, o mesmo não ocorrendo com os tratados com água que, mesmo em 72 horas, ainda apresentavam lesão no ápice das vilosidades. Foi observado também, por teste in situ, que o colágeno adere á superfície do trato gastrointestinal. A contagem do número de células caliciformes das vilosidades representada pelo material PAS-positivo nas mesmas, mostrou que em ratos tratados com colágeno, em 24 horas, a quantidade destas células não difere (p <0,05 ) dos controles; em 48 horas este número é maior na metade inferior das vilosidades, e em 72 horas, maior na metade inferior, superior e no total das vilosidades. Estes resultados demonstram não haver uma diminuição de células calicíformes, mas um esgotamento das mesmas interrompendo sua produção de muco. Os ratos tratados com água, somente em 72 horas, e, na metade superior das vilosidades, apresentaram quantidade semelhante aos controles. Os resultados indicaram uma utilização promissora do gel de colágeno purificado, obtido de tendões bovinos (colágeno tipo I), com vistas à recuperação de lesões do trato gastrintestinal

ASSUNTO(S)

colageno nutrição

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