Ação repelente de substâncias naturais e sintéticas sobre animais mamíferos silvestres consumidores de sementes de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze / Repellent action of natural and synthetic substances on consuming wild mammals of Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze seeds

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A implantação de florestas de Araucária esbarra, entre outros fatores, na dificuldade do desenvolvimento normal das suas sementes (pinhões) após a semeadura direta no campo, devido à intensa ação predadora da fauna silvestre sobre os pinhões. Este trabalho teve como objetivo testar o potencial de repelência de algumas substâncias não fitotóxicas, sobre a fauna predadora dessas sementes, visando um maior índice de sobrevivência destas no campo. As sementes de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze foram tratadas com algumas substâncias naturais, na forma de extratos e óleos, à base de mamona, linhaça, eucalipto, pimenta vermelha, salsinha e losna, além de produtos sintéticos à base de cobre, enxofre, breu, tinta látex, lignosulfonato de cálcio e algumas misturas entre esses produtos. As sementes foram coletadas em 2004, na época de maturação, na região de Lages-SC, selecionadas e conservadas em temperatura de 1 a 3C, para uso posterior nos experimentos. Numa primeira etapa, realizada in vitro, as substâncias-teste foram aplicadas diretamente nas sementes, para serem avaliadas quanto aos possíveis efeitos fitotóxicos. Depois de escarificadas na extremidade axial, as sementes foram semeadas em bandejas plásticas com vermiculita umedecida e colocadas em câmara de germinação, com controle programável de temperatura, umidade relativa do ar e períodos de luz, com rega manual em intervados médios de 3 dias. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, contendo 15 tratamentos, 10 pinhões por tratamento e com 4 repetições. Os dados foram coletados após 76 dias da semeadura e analisados estatisticamente quanto aos possíveis efeitos fitotóxicos sobre a emissão de caulículo, emissão de raiz, comprimento do caulículo e comprimento da raiz principal. Concluiu-se, in vitro, que não houve efeitos fitotóxicos dos tratamentos sobre as variáveis estudadas, não havendo impedimento para a utilização dos mesmos em testes de repelência aos animais no campo. Numa segunda etapa, as substâncias foram testadas in vivo, em semeadura direta no campo, para verificar sua ação de repelência sobre os animais consumidores de pinhão. Nesta etapa foram realizados dois experimentos, aqui denominados de experimentos 1 e 2. No experimento 1, igualmente a aplicação das substâncias e escarificação das sementes foram realizadas em laboratório, seguido de semeadura direta em covas. Foram utilizados os mesmos 15 tratamentos do experimento in vitro, com 10 pinhões por tratamento, com 4 repetições. No experimento 2, as substâncias-teste foram aplicadas unicamente na superfície das covas, imediatamente depois da semeadura de pinhões só escarificados, sem as substâncias. Foram utilizados 11 tratamentos, com 10 pinhões por tratamento, com 4 repetições. Para ambos os experimentos de campo, adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados. Os dados de predação dos pinhões foram coletados em vistorias com intervalos médios de 18 dias, finalizando-se aos 167 e 165 dias, respectivamente para os experimentos 1 e 2. Concluiu-se, para os experimentos de campo, que: a) Os índices de predação de pinhões foram elevados para ambos os experimentos: 78,0% no experimento 1 (tratamento nos pinhões) e 84,3% no experimento 2 (tratamento nas covas); b) No experimento com pinhões tratados, o período de tempo mais longo verificado para o ínício da predação foi de 104 dias após a semeadura, enquanto no experimento com tratamento no ambiente (covas), foi de 64 dias; c) O efeito da interação entre blocos e tratamentos foi altamente significativo e o efeito de bloco foi maior que o de tratamento, em ambos os experimentos; d) Solução de breu e álcool + óleo de eucalipto, aplicados nos pinhões, apresentou potencial para redução do nível de predação dessas sementes, nos blocos analisados; e) Os tratamentos com óleo de linhaça apresentaram comportamentos variáveis nos blocos, igualmente aos tratamentos com tinta látex, no experimento com pinhões tratados; f) No experimento com tratamentos nas covas, o lignosulfonato de cálcio combinados individualmente com extratos de pimenta, raiz de salsinha e losna, apresentaram efeito significativo de redução da predação nos blocos; g) A solução de linhaça com extratos de pimenta vermelha e com o extrato de raiz de salsinha, também tiveram efeito significativo para redução da predação de pinhões nos blocos, no experimento com tratamento nas covas.

ASSUNTO(S)

araucariacea agronomia araucariacea

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