Ações antiulcerogenicas do extrato aquoso liofilizado de Dalbergia monetaria Lineu (Veronica)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O chá das cascas de Dalbergia monetaria L. é comumente utilizado na "medicina popular" do Brasil para o tratamento das disfunções gástricas. Várias substâncias biologicamente ativas têm sido isoladas do extrato aquoso liofilizado (LIO) de Dalbergia monetaria L.. Dentre elas, as proantocianidinas cuja ocorrência foi verificada pela primeira vez no gênero Dalbergia por Nunes et al (1989), poderiam ser responsáveis por sua atividade antiu1cerogênica; atividade farmacológica avaliada nos estudos de Souza Brito et al (1995). Dessa forma, o objetivo dessa dissertação foi investigar a toxicidade, a atividade antiulcerogênica e os possíveis mecanismos de ação pelos quais o LIO poderia exercer sua atividade. Tanto a toxicidade aguda do LIO, estudada em camundongos, quanto a citotoxicidade, estudada em fibroblastos da linhagem V79 de pulmão de hamster chinês, demonstraram que o LIO não apresenta substâncias potencialmente tóxicas. A atividade antiulcerogênica do LIO de Dalbergia foi avaliada em estômago de ratos submetidos a quatro modelos clássicos de indução de lesões gástricas: etanol, estresse por restrição e frio, ligadura do piloro e indometacina. Os resultados demonstraram que o LIO, administrado oralmente, diminuiu significativamente e de forma dose-dependente o Índice Ulcerativo (IU) em ratos submetidos à indução de úlcera por etanol (41 %), estresse (40%) e ligadura de piloro (460/0). Ao contrário dos resultados observados nos outros modelos, o LIO não foi capaz de inibir o aparecimento das lesões gástricas induzi das por indometacina. Dentre os possíveis mecanismos de ação antiulcerogênica foi estudada a possibilidade do LIO estar aumentando a síntese de prostaglandinas e/ou a síntese de muco na mucosa gástrica. Os resultados demonstraram que o LIO não alterou a síntese de muco quando comparado à carbenoxolona, mas produziu um aumento significativo na síntese de prostaglandinas. Um outro mecanismo de ação estudado foi a possível interferência do LIO sobre os os mecanismos fisiológicos da secreção ácida gástrica, através de antagonismo aos receptores H2 da histamina e M 1 da acetilcolina, responsáveis pela secreção da célula parietal de HCI. A interação do LIO com receptores histaminérgicos, em átrio direito isolado de cobaia, mostrou que as curvas dose-resposta à histamina sofreram um deslocamento à direita, dose dependente, quando o tecido foi pré-incubado com o LIO, além de diminuir a resposta máxima e a freqüência inicial dos átrios, indicando antagonismo não competitivo. No intuito de demonstrar a inespecificidade do LIO sobre os receptores e tecidos estudados, foram efetuadas, ainda, curvas dose-resposta à carbamilcolina em tiras de fundo de estômago de rato. Verificou-se um deslocamento, à direita, das curvas obtidas para carbamilcolina após o tecido ser pré-incubado com o LIO, havendo uma redução na tensão exerci da pelo tecido. Entretanto, nenhum dos efeitos observados foi estatisticamente significativo para ambos os parâmetros analisados, resposta máxima epD2. Muitos componentes, presentes em extratos vegetais brutos, apresentam sua ação antiúlcera devido a uma ação local. O LIO, administrado pela via intraduodenal, em camundongos submetidos à ligadura de piloro, diminuiu significativamente a concentração hidrogeniônica do suco gástrico destes animais, sem nenhuma alteração sobre o volume de suco gástrico ou lU. Assim, foi comprovado que o LIO apresenta também ação sistêmica. A atividade antiulcerogênica do LIO de Dalbergia monetaria L. deve-se, portanto, a um sinergismo de mecanismos de ação; tanto aqueles que envolvem diminuição da secreção ácida gástrica, quanto aqueles relacionados ao aumento dos fatores de proteção da mucosa

ASSUNTO(S)

ulcera peptica plantas medicinais farmacologia

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