Ações farmacologicas gerais da Turnera ulmifolia L. sobre a resposta inflamatoria

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

A Tumera ulmifolia L. pertence à família Turneraceae e é popularmente conhecida como chanana. É um subarbusto de flores amareladas, comum no nordeste do Brasil. Devido ao seu uso popular em distúrbios inflamatórios, foram estudadas as propriedades antiinflamatórias do extrato hidroalcoólico bruto (EHB) e de sua fração ativa (Fr.EtOH) em modelos de inflamação, com o objetivo de fornecer subsídios para seu uso tradicional. Em ensaios de toxicidade aguda, verificou-se que EHB não foi tóxico aos animais quando administrado pelas vias oral (DLso >15 g/kg) e intraperitoneal (DLso = 7.8 g/kg), demonstrando ser praticamente inócuo. EHB (1g/kg, po) e Fr.EtOH (100 mg/kg, po) mostraram efeito antiedematogênico dose-dependente em ensaios de edema de pata induzido por carragenina. As respostas máximas de ambos ocorreram 3 horas após o tratamento com o agente flogístico, com porcentagens de inibição de 30%. A DEso de Fr.EtOH foi de 150 mg/kg. EHB (1g/kg, po) reduziu o aumento de permeabilidade vascular induzido por PGE2 (34%), histamina (54%) e 5-hidroxitriptamina (79%), mas não aquele aumento induzido por bradicinina, enquanto que o diclofenaco sódico (5 mg/kg, po) diminuiu a permeabilidade vascular induzida por todos estes mediadores, com porcentagens de inibição de 46, 63, 88 e 61%, respectivamente. No teste de granuloma cotton pel/et, EHB (1 g/kg, po) e diclofenaco sódico (5mg/kg, po) mostraram ser equivalentes em inibir a fase transudativa do granuloma (57 e 54%, respectivamente), mas somente o diclofenaco sódico inibiu a fase proliferativa (64%). Foi avaliada a influência de Fr.EtOH (5 mg/kg, ip) sobre os parâmetros hematológicos do sangue periférico e do exsudato peritoneal. Nenhuma alteração relativa aos perfis numéricos totais eritrocitário e leucocitário do sangue periférico foi evidenciada; entretanto, na contagem diferencial dos leucócitos foi detectado um aumento do número de basófilos (80%). A análise dos dados obtidos no estudo do exsudato peritoneal demonstrou que Fr.EtOH (5 mg/kg, ip) inibiu, de modo dosedependente, a migração de leucócitos para o peritôneo. Esta diminuição ocorreu principalmente devido a uma redução no número de linfócitos (78%) e neutrófilos (57%) que migraram para a cavidade peritoneal. Por outro lado, em estudo de potência antiinflamatória versus atividade ulcerogênica, EHB (1g/kg, po) não potencializou as lesões gástricas induzidas pelo ácido acetilsalicílico, pelo contrário, produziu uma redução de 67% do índice de lesões ulcerativas (ILU). EHB (1 g/kg, po) e Fr.EtOH (100 mg/kg, po) reduziram as lesões gástricas induzidas por ligadura do piloro, inibindo o ILU em 79 e 82%, repectivamente; etanol (1 mllanimal, po) inibindo o ILU em 60 e 55%, respectivamente; assim como aquelas induzidas por indometacina (30 mg/kg, sc) inibindo o ILU em 51 e 57%, respectivamente; entretanto, ambos não foram capazes de produzir inibição sobre as lesões gástricas produzidas por estresse. A Fr.EtOH (100 mg/kg, po) produziu um aumento (38%) da formação de muco da barreira gastroprotetora; já a carbenoxolona (200 mg/kg, po) também aumentou o muco em cerca de 42%. Adicionalmente, Fr.EtOH (100 mg/kg, po) não produziu inibição do número de contorções abdominais induzidas por ácido acético (0.6%, ip), enquanto que a dipirona magnesiana (200 mg/kg, po) foi capaz de reduzir cerca de 90% dessas contorções. Assim, nos modelos de inflamação utilizados, EHB e Fr.EtOH apresentaram marcada atividade antiinflamatória, não acompanhada de danos gástricos; ao contrário, ambos apresentaram ações antiulcerogênicas em vários modelos experimentais de úlcera gástrica. Deste modo, foi possível confirmar, ainda que preliminarmente, as informações populares do uso em inflamação da espécie vegetal Tumera ulmifolia

ASSUNTO(S)

agentes antiinflamatorios plantas medicinais

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