Amputações por acidentes de transporte : epidemiologia da ocorrência e reabilitação do paciente

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

As deficiências físicas resultantes de acidentes de transporte (AT) trazem graves prejuízos locomotores, profissionais e financeiros para o indivíduo e sua família. Além disto, repercutem na sociedade com a perda de produtividade no trabalho e perdas materiais. Estudos com as vítimas que sobreviveram e evoluíram com seqüelas ainda são escassos, principalmente em países subdesenvolvidos. O objetivo deste estudo foi conhecer os aspectos epidemiológicos das vítimas dos AT que levaram a amputação de membros e características relacionadas à reabilitação. Foi realizado um estudo de série de casos por meio de uma entrevista com base em um questionário semi-estruturado com questões de múltipla escolha e aberta, com 43 pessoas amputadas por AT, que foram cadastradas no período de dezembro de 2002 a dezembro de 2004, após alta da reabilitação na Associação de Assistência à Criança Deficiente de Minas Gerais (AACD/MG). A maioria das vítimas estava na faixa etária de 20 a 39 anos (22; 51,1%); era do sexo masculino (36; 83,7%); solteira (22; 51,1%); 25 (58%) não haviam concluído o ensino fundamental; 40 (93%) tinham profissão/ocupação e após o acidente todas ficaram inativas por 27,6 meses em média. Na época da entrevista, as pessoas amputadas estavam na faixa etária de 20 a 49 anos (29; 67,4%); 22 (51,1%) solteiras; 27 (62,8%) com ensino fundamental incompleto. Das 35 que trabalhavam com remuneração, 14 (40%) retornaram ao trabalho, mas apenas, seis (17,1%) à mesma atividade profissional; 12 (34,3%) se aposentaram por invalidez. A maioria dos AT (29; 67,4%) ocorreu em Uberlândia, 26 (60,5%) em via urbana e a motocicleta foi o veículo mais envolvido (21; 48,8%); 17 (81%) eram motociclistas e destes, 14 (82,4%) faziam o uso do capacete no momento do acidente; a colisão (31; 72%) e o atropelamento (12; 28%) foram os tipos mais comuns; 41 (95,3%) pessoas tiveram as amputações na região dos membros inferiores; 16 (37,2%) foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros; 28 (65,1%) pessoas procuraram o Hospital de Clínicas de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia (HCU-UFU) para o atendimento inicial; o tempo de tratamento diminuiu após o início das atividades da AACD/MG e todas as pessoas amputadas de membro inferior (41; 95,3%) receberam a prótese, mas, após a alta permaneceram com algumas dificuldades; O Sistema Único de Saúde (SUS) custeou mais da metade (24; 55,8%) das reabilitações e grande parte (31; 75,6%) das próteses. É possível concluir sobre os AT que levam a amputação de membros que, acometem, sobretudo homens jovens e solteiros e no momento do acidente, quando ocupando motocicletas, geralmente estão em uso do capacete; o Corpo de Bombeiros socorre estas vítimas que são encaminhadas para o HCU-UFU e a presença de uma unidade da AACD parece favorecer o tratamento especializado mais precoce das pessoas amputadas; os pacientes finalizam a reabilitação com adaptação protética, mas permanecem com algumas dificuldades após a alta dos atendimentos; o SUS custeia cerca da metade das reabilitações e grande parte das próteses; poucas pessoas amputadas retornam às mesmas atividades profissionais e muitas se aposentam por invalidez. É imprescindível a implementação de medidas públicas que reduzam os AT, especialmente aqueles mais graves que envolvem a motocicleta, pois são os que mais levam a amputação, incapacidade e invalidez, quando não ocorre óbito.

ASSUNTO(S)

reabilitação acidentes de trânsito limb amputation acidentes de transporte amputação de membros rehabilitation ciencias da saude transportation accidents

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