Analise espaço-temporal de uma comunidade de Riodininae (Lepidoptera: Lycaenidae) no Parque Estadual de Vassununga, Gleba Pe de Gigante (SP)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Borboletas são bastante usadas como indicadores em programas conservacionistas devido a fácil e rápida amostragem, biologia e ecologia conhecidas, e sensibilidade a alterações ambientais. A subfamília Riodininae é diversificada e facilmente encontrada em ambiente neotropical. Ocorre em condições bastante particulares no tempo e no espaço, e devidamente estudada poderia ser um interessante grupo para monitoramento ambiental. O cerrado apresenta heterogeneidade de habitats, proporcionando uma grande variedade de microambientes para a distribuição desta subfamília. Neste trabalho, foi estudada a distribuição no tempo e no espaço de borboletas da subfamília Riodininae na Gleba Pé de Gigante do Parque Estadual de Vassununga, Estado de São Paulo. Durante um ano, foram realizados censos visuais ao longo de três trilhas longas de cerca de 1800 m, e uma trilha curta de 350 m, em amostragens quinzenais de três dias de duração. Registrou-se o número de indivíduos observados de cada espécie. Foram observados 1297 indivíduos, de 42 espécies, das quais seis contribuíram com 75% das observações. A comunidade adequou-se a uma distribuição de série logarítimica, com poucas espécies dominantes e um grande número de raras. Estas borboletas distribuíram-se em períodos de baixa e alta concentração de indivíduos observados, denominados, respectivamente, baixa e alta estação. Durante a alta estação observou-se um maior número de indivíduos concentrados principalmente de março a maio. A distribuição temporal sofreu ação direta de temperatura, umidade e chuvas proporcionando condições mais favoráveis para a ocorrência da subfamília, e indireta através da influência destes fatores na vegetação, que fornece alimento adequado às larvas destas borboletas no período pós-chuvas. As espécies mirmecófilas Theope nycteis e Ematurgina axena parecem estar sujeitas também a outros fatores, provavelmente relacionados à presença de formigas na área. A análise espacial mostrou heterogeneidade; cada trilha contribuiu com uma parcela da riqueza e diversidade total da área. Alguns pontos das trilhas com características peculiares mostraram alta concentração de indivíduos. Algumas espécies pareceram estar restritas a determinadas fisionomias vegetais: Calephelis brasiliensis ocorreu em áreas mais abertas de cerrado sensu stricto, enquanto Mesosemia levis e M. melpia foram encontradas predominantemente em áreas de cerradão. Fatores como abertura de dossel e estrutura da vegetação influenciaram a preferência por habitat. Uma investigação mais profunda dos processos que originam estas distribuições no tempo e no espaço pode fornecer o conhecimento necessário a permitir a utilização de algumas espécies deste grupo em estudos ambientais

ASSUNTO(S)

comunidades animais borboleta fauna dos cerrados

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