Anatomia descritiva e comparativa do sistema urinário de Crotalus durissus Linnaeus, 1758, Bothrops neuwiesi Wagler, 1824 e B. moojeni Hoge, 1965 (Ophidis, Viperidae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

As serpentes desenvolveram uma imensa variedade de especializações quanto ao uso do habitat e nicho ocupados ao longo de sua evolução. As diferenças mais notáveis estão na forma, no tamanho do corpo e na textura superficial, o que reflete na diversidade de comportamentos e adaptações ecológicas e fisiológicas. Apesar do número de espécies e por isso mesmo, das diversas possibilidades de estudos que poderiam ser realizados, poucos são os trabalhos abordando a anatomia e fisiologia das serpentes brasileiras. O objetivo desse trabalho foi descrever comparativamente o sistema urinário de serpentes representantes da sub-família Crotalinae (Viperidae), utilizando-se de texto descritivo, análises comparativas entre e intra espécies, além de fotografias ilustrativas obtidas em microscopia de luz. Foram utilizados um total de 21 (vinte e um) indivíduos, sendo 11 (onze) exemplares de Crotalus durissus, 6 (seis) de Bothrops neuwiedi e 4 (quatro) de B. moojeni. Em B. moojeni todos os exemplares representavam indivíduos adultos, enquanto em Crotalus durissus havia 5 (cinco) filhotes e em B. neuwiedi, 2 (dois) jovens. Parte dos dados foi obtida a partir de animais recém eutanasiados (n = 7), com nembutal sódico, e outra parte, de animais mortos e fixados (n = 14). Os indivíduos eutanasiados foram dissecados com a técnica de microdissecção a fresco (mergulhado em solução salina a 0,75%) sob estereomicroscópio, enquanto os exemplares fixados foram dissecados, sob a luz do estereomicroscópio. Nas três espécies estudadas verificou-se os rins pares, alongados, assimétricos, localizados retroperitonealmente, envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo fino e posicionados na porção final do corpo, antes da cloaca. O rim direito é mais cranial e um pouco mais longo que o rim esquerdo. Ambos localizaram-se na posição dorso-lateral em relação à porção final do intestino e posteriores às gônadas e adrenais, orientados dorso-ventralmente e mais estreitos latero-lateralmente. A coloração variou do rosa-pálido ao avermelhado. O volume renal foi maior em adultos de C. durrissus que em B.moojeni, e também maior nesta espécie que em B. neuwiedi. A razão entre o comprimento do rim direito e o comprimento do animal foi significante, sendo maior o rim dos filhotes de C. durissus em relação ao comprimento do corpo que nos jovens de B. neuwiedi. Entre os adultos, o rim direito teve uma proporção maior em C. durissus, seguida pelos valores de B. moojeni e B. neuwiedi. O comprimento do rim esquerdo de B. neuwiedi em relação ao comprimento corporal foi proporcionalmente menor que em B. moojeni e que em C. durissus. Os ureteres das três espécies, também em número par, são tubos cilíndricos, situados entre a margem dorsal dos rins e as veias do sistema porta-renal; ambos dorsais ao canal deferente nos machos e ao oviduto nas fêmeas. A coloração dos ureteres variou do translúcido ao esbranquiçado. Quanto à vascularização, somente houve diferença entre o número de veias. Nos filhotes de C. durissus identificou-se a presença de rins e ductos mesonéfricos. Houve indícios do funcionamento concomitante de ductos mesonéfricos e ureteres nessa fase do desenvolvimento. De modo geral o aspecto anatômico do sistema urinário das espécies estudadas não diferiu daquele já descrito em literatura para os gêneros Bothrops e Crotalus. As diferenças encontradas podem estar relacionadas às adaptações fisiológicas de cada espécie, porém são necessários estudos mais aprofundados quanto à microanatomia e a fisiologia excretória destes animais. A localização dos rins em B. moojeni e B. neuwiedi é um dado novo na literatura, assim como a determinação de idade em que há funcionamento de rins mesonéfricos e metanéfricos

ASSUNTO(S)

bothrops crotalus biologia geral sistema urinário urinary system bothrops ophidia anatomy ophidia anatomia crotalus

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