Apariçãode Vergilio Ferreira, para além do existencialismo, o humanismo integral / Analysis of Aparição, a work of the Portuguese writer Vergílio Ferreira 1916-1996), in the perspective of existentialist theme and in the aspects of time and space
AUTOR(ES)
Manoel Fernando Passaes
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
Este trabalho analisa Aparição, obra do escritor português Vergílio Ferreira (1916-1996), na perspectiva da temática existencialista e nos aspectos de tempo e espaço. Vergílio, na linha de Sartre e, principalmente, de Heidegger, é obcecado pelo mistério do ser, pela procura do sentido da existência humana, o que o leva a refletir e observar sem cessar o homem, suas idéias e ações. Preso a um espaço e tempo determinado, com uma pseudoliberdade, o homem pensa e age inconscientemente, enfrenta problemas de relacionamento de seu eu com o eu do outro e não sabe como se colocar perante a finitude da vida. O homem deve procurar sua aparição ou epifania, aparecendo a si mesmo, com plena consciência de suas possibilidades e limitações, capaz de conhecer-se e assumir-se como ser com o outro, para a morte ou contra a morte. Filosofias e religiões não dão conta de conduzir o homem no caminho de busca de si mesmo. Ele está só, preso a um espaço e tempo povoados pela memória da morte, por diálogos que nunca se completam e símbolos que nada significam. Espaço e tempo são expressão, causa e conseqüência do pensamento e ação das personagens de Vergílio. É preciso evitar o espaço de baixo, apertado, frio, sem portas e sair para o sol, a lua, o campo, não se perder em tradições que estrangulam o progresso, viver com consciência e autenticidade, fazer com que o inferno não sejam os outros, que a introspecção não impeça o homem de construir com responsabilidade seu destino. Com um estilo personalíssimo, Vergílio discute os mais palpitantes temas que angustiam o homem desta e de outras épocas, acreditando na possibilidade de convivência e comunicação entre os homens, não comunhão, desde que sejam autênticos e não exijam mais do que a condição humana - votada à morte, frágil, limitada, entregue exclusivamente a si mesma - pode proporcionar. Pela arte, o homem pode auto-afirmar-se, sentir-se criador e esquecer, mesmo que por instantes, o peso de sua condição humana.
ASSUNTO(S)
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