Aplicações e limitações do método de detecção do antígeno galactomanana para o diagnóstico de aspergilose / Applications and limitations of a galactomannan detection method in the diagnostic of aspergillosis

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O Platelia® Aspergillus EIA é um teste de ELISA sanduíche para diagnóstico precoce de aspergilose em pacientes neutropênicos que se baseia na detecção de um antígeno (galactomanana) da parede celular de Aspergillus spp. O trabalho objetivou avaliar a eficácia deste teste em outros hospedeiros suscetíveis à aspergilose e ainda, avaliar a interferência de potenciais falso-positivos no Platelia® Aspergillus EIA, como outras micoses sistêmicas e um antimicrobiano produzido a partir de fungos (piperacilina-tazobactam). Quatro experimentos foram realizados para contemplar os objetivos propostos. Amostras de lavado broncoalveolar de 60 pacientes transplantados de pulmão provenientes da Santa-Casa Complexo Hospitalar de Porto Alegre foram colhidas durante um período de aproximadamente 2 anos e testadas para detecção de galactomanana. Os pacientes foram classificados em aspergilose comprovada, provável e possível, colonização ou exame de vigilância de acordo com critérios do EORTC. Utilizando os casos comprovados (5) e prováveis (6) como positivos, foi calculada a curva ROC que demonstrou valores de sensibilidade de 90,9% e especificidade de 90,6% em um ponto de corte de 1,5. A eficácia do Platelia® Aspergillus EIA foi avaliada também em pingüins em cativeiro. Soros de 35 animais foram incluídos no estudo, 9 com aspergilose, 3 com malária, 2 com caquexia e 21 saudáveis. Os soros foram testados por imunodifusão dupla e ELISA sanduíche, resultando em valores de sensibilidade de 33% e 100% e especificidade de 96% e 0, respectivamente. A reação cruzada de outras micoses sistêmicas no Platelia® Aspergillus EIA foi avaliada a partir de 120 amostras de soro de pacientes com paracoccidioidomicose, histoplasmose, criptococose por Cryptococcus neoformans e criptococose por C. gattii. Todas as micoses foram responsáveis por resultados falso-positivos no ELISA sanduíche, sendo de 50%, 67%, 66% e 36,6% a taxa de positividade de cada micose, respectivamente. Em adição, 5 lotes de piperacilina-tazobactam foram testados em concentração de uso clínico (45mg/ml) para avaliação de interferência no Platelia® Aspergillus EIA. Destas, apenas uma resultou em valores maiores do que o ponto de corte (0,5), sendo submetida a sucessivas diluições até mimetizar concentrações plasmáticas do fármaco alcançáveis no soro humano, as quais resultaram em valores menores que 0,5, sendo consideradas negativas. Concluindo, utilizando um ponto de corte maior do que indicado pelo fabricante para uso em neutropênicos, a eficácia do teste foi comprovada para utilização em amostras de lavado broncoalveolar de pacientes transplantados de pulmão. Por outro lado, no hospedeiro animal testado, pingüins, o teste apresentou especificidade nula, não possuindo aplicabilidade como ferramenta diagnóstica para aspergilose neste grupo. Quanto aos fatores de interferência no Platelia® Aspergillus EIA avaliados, a alta taxa de resultados falso-positivos referentes à infecção por outras micoses sistêmicas reflete na necessidade de interpretar um teste positivo dentro do contexto epidemiológico do paciente. Por outro lado, as piperacilinas-tazobactam disponíveis no mercado brasileiro não interferiram no resultado do Platelia® Aspergillus EIA. No entanto como a variabilidade de galactomanana existe entre lotes, ainda é aconselhável que as amostras para realização do ELISA sanduíche sejam colhidas antes da próxima administração do fármaco.

ASSUNTO(S)

micoses galactomannan aspergillosis aspergilose lung transplantation transplante de pulmão piperacilina penguins cross-reaction piperacillin-tazobactam

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