Aquelas leituras formadoras de culturas (Caicó-RN, século XIX)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/02/2011

RESUMO

A leitura que fizemos do livro Seridó − século XIX (fazendas &livros), dos historiadores Medeiros Filho e Faria, foi o que sugeriu a escrita desta tese de doutorado. A leitura intensiva desse livro conduziu ao corpus documental da investigação (livros escolares, religiosos e laicos, crônica, discursos, documentos eclesiásticos, inventários, testamentos, memórias de infância, matérias jornalísticas, relatórios) e também ao corpus do referencial teórico-metodológico da história cultural da leitura, em concordância com Roger Chartier e Robert Darnton. No rigor da escrita da tese, a investigação concernente à temática leitura e absorções culturais conduziu-nos a definir como objeto de estudo as práticas culturais apropriadas pertinentemente dos ensinamentos das leituras feitas, ouvidas, murmuradas, muitas vezes repetidas e memorizadas, de livros impressos escolares, religiosos e laicos que circulavam em Caicó, nos oitocentos. Em vista da leitura intensiva e da extensiva, o objetivo é analisar, por um lado, indícios de absorções ou apropriações culturais dos ensinamentos daquelas práticas de leitura e, por outro, os entrelaces dos ensinamentos relativos à oralidade, à leitura, à escrita e à escolarização. A tese defendida é que a história da leitura em Caicó, no século XIX, é a história da leitura feita, ouvida, murmurada, repetida e, ainda, memorizada, que, apoiada sobre textos de livros escolares, religiosos e laicos, convertia-se na produção de bens culturais específicos, como cartas, inventários, remédios homeopáticos e caseiros, testamentos, rezas fortes de cura, versos de cordel, dentre muitos outros. Começando com o propósito de escrever uma história da leitura em Caicó, no século XIX, alcançamos o entendimento de que as práticas culturais, especialmente as práticas dos costumes seridoenses, são, sobremaneira, resultado das apropriações de leituras de textos escolares, religiosos e laicos, incentivadoras de outras práticas de leitura intensivas e extensivas. Se a leitura feita, ouvida, repetida, memorizada e reconhecida é encadeadora de práticas de costumes universais e locais, não obstante teria sido a força da oralidade a pedra de toque da reprodução e da longevidade dessa leitura, bem como de sua travessia do século XIX para o XX e, ainda, dos resquícios de certas permanências neste século XXI. Em parte, essa rede de práticas culturais, reproduzida pela força da transmissão oral, persiste desde os tempos de nossos trisavôs

ASSUNTO(S)

caicó-rio grande do norte século xix história da leitura práticas de leitura educacao caicó-rio grande do norte xixème siècle histoire de la lecture pratiques de lecture

Documentos Relacionados