Arritmias cardíacas: Estudo epidemiológico em cães e análise laboratorial do Alfa-Terpineol como opção terapêutica. / Cardiac arrhythmias: an epidemiological study in dogs and laboratory analysis of alpha-terpineol as a therapeutic option.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/12/2007

RESUMO

As arritmias cardíacas em cães incluem anormalidades na freqüência, ritmo, local de origem do impulso cardíaco e despolarização, podendo ainda ser atribuídas a desordens na geração e/ou condução do impulso elétrico, sendo enfermidades de difícil terapia. O terpineol é um monoterpeno cuja atividade anti-hipertensiva foi previamente demonstrada em ratos hipertensos, apresenta efeito cronotrópico negativo e é destituído de atividade inotrópica negativa quando avaliado em átrios isolados de ratos em concentrações variando de 1 a 300 mg/mL (1,10,30,100 e 300 mg/mL). Baseado no exposto, o presente estudo visou realizar um estudo eletrocardiográfico, enfocando o perfil clínico e epidemiológico em cães na cidade de Fortaleza, além de traçar um perfil farmacodinâmico deste composto no sistema cardiovascular de cobaios objetivando um estudo de seu potencial antiarrítmico em diferentes modelos de arritmia induzida. Foram avaliados 100 cães, através de parâmetros clínicos e eletrocardiográficos, no período de março 2006 a julho 2007, em clínica particular na cidade de Fortaleza. Os animais foram separados em grupos, de acordo com a razão da visita à clínica (estética ou consulta), e subdivididos de acordo com o sexo, idade e raça. Em laboratório, foram realizados estudos in vitro e in vivo. A avaliação in vitro consistiu da retirada de átrios de cobaios, que foram montados em banhos de registro isométrico. Um traçado controle foi registrado captando contrações atriais espontâneas (átrio direito) ou evocadas eletricamente (átrio esquerdo) por pulso de onda quadrada (6 V; 0,5 ms e 1 Hz). Em seguida, realizadas curvas concentrações-resposta cumulativas de terpineol (1 a 300 μg/mL) colhidas no platô da alteração da força 5 minutos após a aplicação da droga ou veículo. Os dados de freqüência de contração (bpm) foram expressos como média erro padrão da média. Os experimentos in vivo foram realizados com animais anestesiados com uretana (1,2 g/Kg) que tiveram cânulas de polietileno acopladas na veia jugular e artéria carótida para injeção de drogas e registro da pressão arterial, respectivamente. O registro eletrocardiográfico (DII) foi obtido por intermédio de eletrodos inseridos subcutaneamente. O efeito da infusão durante 30 minutos de terpineol nas taxas de 0,3; 1; 3 e 10 mg/kg/min foi avaliado e comparado com infusão isovolumétrica do veículo (Tween 3% em salina). Realizou-se ainda a administração do terpineol ou verapamil em bolus, além de infusão contínua de adrenalina e digoxina por 60 minutos para avaliação do potencial antiarrítmico. Dos cães avaliados, 53% apresentaram pelo menos um achado sugestivo de eletrocardiográfico anormal, como segue: Presença de extrasístoles atriais 63%, ondas P de morfologia variável 56%, aumento da amplitude do QRS associado ou não a alteração no segmento ST com padrão tipo strain 42% e aumento na duração da onda P 15%. Não tendo sido observada pré-disposição pelo sexo, raça ou idade entre os grupos avaliados. No estudo laboratorial, obtivemos que a adição cumulativa de terpineol diminuiu de maneira concentração-dependente a freqüência das contrações espontâneas do átrio. O a-terpineol na mesma faixa de concentração tem efeito inotrópico negativo com queda máxima na concentração de 300 mg/mL. A infusão de a-terpineol não alterou significativamente nenhum dos parâmetros analisados pelo eletrocardiograma (intervalo PR, QTc ou freqüência cardíaca medida pelo intervalo RR). A pressão arterial média também não sofreu alteração significativa. O a-terpineol, assim como o verapamil, não alterou de maneira significativa os parâmetros eletrocardiográficos quando da infusão de adrenalina, porém o a-terpineol reduziu para 20% a ocorrência de episódios de arritmia, enquanto o verapamil apenas para 84%. Em suma, os dados demonstraram o a-terpineol revelou-se capaz de prevenir e/ou reverter arritmias induzidas por adrenalina, mas não pela digoxina. Por fim, este estudo demonstra que o a-terpineol possui uma tendência a induzir uma bradicardia, sendo necessários mais estudos para melhor elucidação desses efeitos.

ASSUNTO(S)

α -terpineol arritmia eletrocardiograma epidemiologia reproducao animal α -terpineol arrhythmia eletrocardiogram epidemiology

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