Atividade antiulcerogenica do extrato bruto hidroalcoolico e da cumarina isolada da Mikania laevigata Schultz. Bip

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

As plantas do gênero Mikania, distribuem-se pelas regiões tropicais da África, Ásia e América do Sul (Argentina, Paraguai e Uruguai). No Brasil, ocorrem principalmente nas regiões sul e sudeste. São conhecidas popularmente como guaco e desenvolvem-se como trepadeira arbustiva, lenhosa, apresentando caule cilíndrico e ramoso. As folhas do gênero Mikania são muito utilizadas pela medicina popular como antiasmáticas, antireumáticas, cicatrizantes e antiofídicas. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a atividade antiulcerogênica do extrato bruto hidroalcoólico a 70% e da cumarina isolada da Mikania laevigata Shultz Bip., e sugerir um possível mecanismo de ação. Para a obtenção do extrato bruto (EB), foram utilizadas as folhas da espécie acima. O EB apresentou atividade antiulcerogênica em modelo de úlcera induzida por indometacina. Os mecanismos de ação antiulcerogênicos envolvem os fatores que promovem a citoproteção, aumentando a resistência da mucosa contra agentes agressores ou ainda, limitando o acesso destes agentes à ela e envolvem fatores que controlam a secreção ácida gástrica. O EB em modelo de úlcera induzida por etanol, por via oral e subcutânea, apresentou atividade antiulcerogênica. Estes resultados sugerem um efeito específico e sistêmico para o EB de Mikania laevigata Shultz Bip. Alguns mecanismos citoprotetores foram avaliados. Entre eles, a participação do óxido nítrico, substância endógena que aumenta a resistência da mucosa por promover a vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo local. Em modelo de úlcera induzida por etanol em ratos tratados previamente com L-name, inibidor da NO sintase, o EB manteve sua atividade antiulcerogênica, sugerindo que esta atividade não está relacionada com o óxido nítrico. Outra hipótese seria a interferência dos grupos sulfidrila não proteicos da mueosa. Estas substâncias, provavelmente promovem uma diminuição do aumento da permeabilidade vascular ou ainda impedem a ação de radicais livres sobre a mucosa. Para isto, foi utilizado o modelo de úlcera induzida por etanol em ratos tratados previamente com N-etilmaleimida, um composto alquilante dos grupos sulfidríla. O EB de Mikania laevigata Shultz Bip., por via oral, manteve sua atividade, sugerindo que este grupo de substâncias não está envolvido no mecanismo antiulcerogênico apresentado. Um outro grupo de substâncias endógenas importantes no processo de citoproteção são as prostaglandinas, que aumentam a secreção de muco e bicarbonato. Em modelo de úlcera induzido por etanol, com administração prévia de indometacina, um antiinflamatório não esteroidal, que inibe a ciclooxigenase, enzima envolvida na síntese de prostaglandinas, o EB manteve sua atividade antiulcerogênica, sugerindo que essas substâncias parecem não participar da atividade apresentada pelo EB de Mikania laevigata Shultz Bip. A partir de então, buscou-se avaliar a atividade antisecretória do EB, através do modelo de ligadura do piloro. O tratamento intraduodenal com EB alterou de forma significativa o volume e a concentração hidrogeniônica do conteúdo gástrico nos grupos de animais tratados. Este resultado sugeriu uma atividade antisecretória por parte do EB de Mikania laevigata Shultz Bip. Nestas condições, buscou-se avaliar a influência do EB sobre a atividade dos secretagogos envolvidos na secreção ácida gástrica. Em modelo de ligadura do piloro em ratos tratados com histamina, um mediador da secreção ácida gástrica, o EB não reduziu de forma significativa a concentração hidrogeniônica do conteúdo gástrico, sugerindo a não participação desta via no mecanismo antisecretório. Para avaliar a participação da gastrina, em modelo de ligadura do piloro, foi administrado pentagastrina, a parte funcional a molécula da gastrina. Neste modelo o EB também não reduziu de forma significativa a concentração hidrogeniônica do conteúdo gástrico, sugerindo a não participação desta via. Por último foi administrado betanecol, um potente agonista colinérgico e o EB de Mikania laevigata Shultz Bip. reduziu de forma significativa o volume e a concentração hidrogeniônica do conteúdo gástrico. A cumarina isolada a partir do EB de Mikania laevigata Shultz Bip., em modelo de úlcera induzida por indometacina, apresentou atividade antiulcerogênica. Estes resultados sugerem que o EB de Mikania laevigata Shultz Bip. Apresenta atividade antiulcerogênica por mecanismo antisecretório, provavelmente por via anticolinérgica e que a cumarina isolada a partir do EB parece participar desta atividade

ASSUNTO(S)

ulcera peptica plantas medicinais

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