Avaliação clínica, epidemiológica, laboratorial, histológica e ultrassonográfica de doadores de sangue anti-HCV EIA-2 positivos
AUTOR(ES)
GONÇALES JR, Fernando L., STUCCHI, Raquel S. B., PAVAN, Maria Helena P., ESCANHOELA, Cecília A. F., YAMANAKA, Ademar, MAGNA, Luís Alberto, GONÇALES, Neiva S. L.
FONTE
Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2000-06
RESUMO
Entre 1992 e 1997 foram avaliados, ambulatorialmente, 790 doadores de sangue com teste anti-HCV EIA-2 fortemente reagente (relação entre a densidade ótica da amostra / "cut-off" > 3), que haviam sido detectados na triagem sorológica do banco de sangue. Todos eram negativos para doença de Chagas, sífilis, hepatite B (HBsAg) e AIDS. Amostras de sangue foram coletadas, na primeira consulta ambulatorial, para a realização de hemograma, exames bioquímicos e novos testes sorológicos para a HVC (anti-HCV EIA-2). Em 226 doadores anti-HCV EIA-2 repetidamente reagentes, realizou-se o teste suplementar de "immunoblot" para a HVC (RIBA-2). Em 209 doadores, pesquisou-se a presença do RNA do VHC pelo teste do PCR, através de exame automatizado (HCV-AMPLICOR, ROCHE). A ultra-sonografia abdominal foi realizada em 366 doadores e a biópsia hepática em 269 concordantes. Notou-se que 95,6% eram EIA-2 repetidamente reagentes, 94% eram assintomáticos e que apenas 2% referiram icterícia pregressa. Em 47% detectou-se, pelo menos, um fator de risco para a transmissão do VHC, sendo o uso de drogas E.V. o principal deles (27,8%). A transfusão de sangue foi o segundo fator na transmissão da HVC (27,2%). Hepatomegalia foi encontrada em 54%. Esplenomegalia e sinais de hipertensão portal foram raramente encontrados no exame físico, denotando o baixo grau de comprometimento hepático na HVC. A ultra-sonografia abdominal mostrou-se alterada em 65% dos indivíduos, sendo a esteatose a alteração mais freqüentemente observada (50%). Em 83,5% dos doadores submetidos à biópsia hepática, diagnosticou-se hepatite crônica, geralmente classificada como ativa (89%) e de grau leve ou moderado na maioria dos casos (99,5%). O histopatológico foi normal em 1,5% dos doadores. O teste de RIBA-2 e a pesquisa do RNA do VHC pelo PCR foram positivos em, respectivamente, 91,6 e 75% dos doadores anti-HCV EIA-2 reagentes. A pesquisa do RNA do VHC foi positiva em 82% dos indivíduos RIBA-2 reagentes, em 37,5% dos doadores RIBA-2 indeterminados e em 9% dos RIBA-2 negativos. Hepatite crônica foi observada em 50% dos doadores RIBA-2 indeterminados. Entre 18 doadores com alterações mínimas, ao exame histopatológico, 11 (61%) eram positivos para o RNA do VHC. Nossos doadores de sangue anti-HCV reagentes geralmente apresentam alterações clínicas, laboratoriais e histopatológicas próprias de pacientes com hepatites crônicas pelo VHC e uma elevada proporção destes podem ser identificados em entrevistas e avaliação médicas rotineiramente realizadas em bancos de sangue. Geralmente estes doadores infectados pelo VHC somente são identificados e bloqueados pelos resultados dos testes sorológicos.
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