Avaliação de diferentes referências de índice de massa corporal para adolescentes em função dos riscos cardiovasculares e da síndrome metabólica em Viçosa, MG / Evaluation of different references of body mass index for adolescents in terms of cardiovascular risk and metabolic syndrome in Viçosa, MG

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

São uma necessidade e um desafio estudar as diversas referências de IMC existentes para adolescentes, em função das alterações metabólicas relacionadas a esta fase da vida, bem como as ocasionadas pelo excesso de peso. Objetivou-se avaliar diferentes referências de IMC, para adolescentes, em função dos riscos cardiovasculares e da síndrome metabólica (SM). Procedeu-se a um estudo transversal com 172 jovens de ambos os sexos, de 16 a 19 anos, selecionados em escolas públicas e particulares de Viçosa, MG, tendo como critérios de inclusão, a ocorrência da menarca há mais de um ano para as meninas e a presença de pelos axilares para os meninos. Foram feitas medidas de peso, estatura, circunferência da cintura (CC), calculado o IMC e razão cintura/estatura (RCE), percentual de gordura corporal (%GC), pressão arterial (parâmetro clínico) e avaliados os seguintes parâmetros bioquímicos: insulina de jejum, glicemia de jejum, triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), HDL, LDL. Com os valores de insulina e glicemia de jejum, calculou-se a resistência insulínica (HOMA-IR). O estado nutricional foi classificado pelo IMC utilizando-se sete referências: Must et al. (1991); Himes e Dietz (1994); Anjos et al.(1998); IOTF (Cole et al., 2000) ; CDC (Kuczmarski et al., 2000); Conde e Monteiro (2006) e WHO (DE ONIS et al., 2007). O percentual de gordura corporal foi estimado utilizando-se o aparelho de bioimpedância elétrica tetrapolar horizontal. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. Como resultado, foram encontrados valores maiores de CC e PAS nos meninos (p<0,05) e gordura corporal, CT, LDL e HDL nas meninas (p<0,05). No sexo feminino, as prevalências de valores indesejáveis de CT, LDL, HDL, TG e insulina foram de 60,0%, 34,0%, 16,0%, 10,0%, 6,0%, e nos meninos de 29,2%, 13,9%, 52,8%, 18,1% e 1,4%, respectivamente. Hiperglicemia ocorreu somente em 1,0% das meninas. Pressão arterial (PA) sistêmica elevada em 6,0% do sexo feminino e em 18,1% do masculino. Diferenças entre os sexos (p<0,05) foram encontradas nas prevalências de alterações para CT, LDL, HDL e PA. Identificou-se 4,0% do sexo feminino e 1,4% do masculino com CC acima da normalidade; 81,0% das meninas e 81,9% dos meninos apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular, sem diferenças entre os sexos (p>0,05). Diagnosticou-se SM em 1,0% das meninas e 1,4% dos meninos. No sexo feminino, todas as medidas de localização de gordura (IMC, %GC, CC e RCE) se associaram positivamente com TG, HOMA-IR, PAS e PAD (p<0,05), estes dois últimos mais bem explicados pelo IMC, e os dois primeiros pela RCE. A CC e a RCE mantiveram associação positiva (p<0,05) com as alterações bioquímicas e clínica, todas independentes do % GC, mas não do IMC. No sexo masculino, houve associação positiva das medidas com HOMA-IR, PAS e LDL (p<0,05), com maior poder de explicação pela RCE. O efeito da CC se manteve positivo (p<0,05) para a PAS, sendo independente do %GC. Já a RCE, se manteve positiva e significantemente associada ao LDL, independentemente do %GC, ao TG, independentemente do IMC e ao HOMA-IR, independentemente da localização da gordura total. O uso de sete referências de IMC para o diagnóstico nutricional proporcionou variação no percentual de alterações para o excesso de peso de 6,0-12,0% no sexo feminino e de 8,3-20,8% no masculino, sendo que as maiores prevalências foram diagnosticadas pelas duas referências brasileiras. As prevalências de gordura corporal elevada foram de 42,0% nas meninas e de 8,3% nos meninos. Para o sexo feminino, todas as referências do IMC obtiveram baixa sensibilidade (<28,6%) e alta especificidade (100%) em detectá-las com alto percentual de gordura corporal; com melhor desempenho para a de Anjos et al. (1998); e, para o masculino, boa sensibilidade (>66,7%) e alta especificidade (>86,4%), sendo a do IOTF (Cole et al., 2000) e a da WHO (2007), as que obtiveram melhores resultados. As referências do IMC apresentaram de discreta a substancial concordância com o percentual de gordura corporal, com melhor desempenho nos meninos. Pelo IMC foi possível prever, entre os componentes da SM, níveis elevados de CC e TG no sexo feminino e PA no masculino, com as respectivas áreas sob a curva de 0,98; 0,74 e 0,70. Os melhores pontos de corte para esta amostra apresentaram altas sensibilidades (83,3%-100%) e especificidades regulares a altas (56,2%-97,9%) e variaram de 20,3kg/m a 25,2kg/m, inferiores aos propostos nas referências estudadas, exceto para CC do sexo feminino. Pela referência do CDC (KUCZMARSKI et al., 2000) obteve-se a mesma sensibilidade, mas maiores especificidades do que as demais para o sexo feminino. Já no masculino, a referência de Anjos et al. (1998) obteve maior sensibilidade (33,3%) em detectar hipertensão arterial sistêmica e alta especificidade (81,7%). Os resultados mostraram que um número expressivo de adolescentes apresentou alterações nos parâmetros avaliados. A RCE foi a mais preditiva de efeitos adversos para o sistema cardiovascular, sendo interessante que seu diagnóstico seja feito em conjunto com o IMC. As referências do IMC demonstraram baixa sensibilidade em diagnosticar excesso de adiposidade no sexo feminino, assim como em detectar alterações metabólicas em ambos os sexos, ou seja, não apresentaram boa capacidade em identificar fatores de risco cardiovasculares e componentes da Síndrome Metabólica.

ASSUNTO(S)

adolescente Índice de massa corporal riscos cardiovasculares síndrome metabólica nutricao adolescents body mass index cardiovascular risk metabolic syndrome

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