Baixo peso de nascidos vivos no Rio Grande do Sul, Brasil : uma análise estatística multinível

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O peso ao nascer é um importante indicador de saúde de uma população e está associado a um grande número de fatores. Esses fatores relacionam o bebê, a mãe e o ambiente físico, entre si, e têm um importante papel na determinação da saúde futura dos recém-nascidos. O fato de as mães de uma mesma microrregião compartilharem o mesmo ambiente e, por isso, serem mais semelhantes entre si do que em relação às mães de outras localidades pode levar a uma maior semelhança também no desfecho em estudo, neste caso o parto. Quando isso acontece, é violada a suposição de independência, passando a existir correlação entre as mães e os bebês (nível 1) na mesma localidade (nível 2). Esse problema é ainda mais importante quando variáveis explanatórias de níveis superiores da hierarquia são de interesse, de forma que todas as unidades de uma localidade estão expostas de forma idêntica aos fatores em estudo. Com base no exposto, este trabalho buscou preditores para a proporção de baixo peso ao nascer, no nível individual (anos) e no nível contextual (microrregiões), no período de 1994 a 2004. A base de dados foi analisada pela análise clássica de Medidas Repetidas e por Regressão Linear Multinível. Foram testados 19 indicadores das microrregiões como variáveis preditoras no nível de contexto e 4 indicadores no nível individual. O modelo multinível encontrado mostra que as proporções de baixo peso ao nascer diferem entre as microrregiões e aumentam no tempo, associado ao aumento do percentual de nascidos vivos prematuros, ao aumento do Coeficiente de Mortalidade Infantil, ao aumento do percentual de cesarianas, no nível individual. Também variam positivamente com o percentual de urbanização, com os gastos com o Sistema Único de Saúde e negativamente com o percentual de participação na atividade econômica, no nível contextual. Outra análise foi realizada utilizando-se dados do Sistema de Nascidos Vivos (SINASC/RS). Foram identificados fatores de risco para o baixo peso ao nascer de crianças nascidas vivas de gestação simples no Rio Grande do Sul, no ano de 2003. No modelo clássico e no modelo multinível, de regressão logística, foram encontrados os mesmos fatores de risco para o baixo peso ao nascer no nível individual, com exceção da escolaridade de 4 a 11 anos, com o diferencial de que o modelo multinível agregou um preditor contextual. Os riscos no nível individual foram prematuridade, nenhuma e 1 a 6 consultas pré-natais, anomalia congênita, nascimento fora do hospital, alta e baixa paridade, sexo feminino, idade materna maior de 35 anos, dona de casa, não-casada, escolaridade de 0 a 3 anos e parto cesáreo, sendo que a raça não foi significativa nos dois modelos. No nível contextual, a maior urbanização explicou o baixo peso ao nascer. O modelo multinível encontrado mostrou que, quanto maior a urbanização da microrregião, maior o risco de baixo peso ao nascer, e, em microrregiões menos urbanizadas, mães solteiras têm risco aumentado, tanto para os nascidos vivos em geral como para os nascidos vivos a termo. Conclui-se que o baixo peso ao nascer varia com as microrregiões e está associado a característicasindividuais e contextuais. Por meio da comparação dos resultados dos modelos tradicionais com os multiníveis, pode-se evidenciar a importância da utilização desses modelos que permitem separar, no modelo, os efeitos dos dois níveis de hierarquia, bem como explicar a parte aleatória do modelo, o que não acontece nos modelos clássicos. Os resultados obtidos nesta tese mostram que variáveis no nível de contexto explicam parte da variação dos desfechos estudados, contribuindo na orientação de políticas públicas de saúde, no que diz respeito aos cuidados e orientações às mulheres, possibilitando a redução na ocorrência de desfechos desfavoráveis para o recém-nascido.

ASSUNTO(S)

rio grande do sul recém-nascido de baixo peso nascimento vivo interpretacao estatística de dados

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