Biologia da polinização e reprodução de Seemannia sylvatica (Kunth) Hanstein (Gesneriaceae) no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul
AUTOR(ES)
Camargo, Eduardo, Rodrigues, Licléia da Cruz, Araujo, Andréa Cardoso
FONTE
Biota Neotropica
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011-12
RESUMO
No Brasil, a família Gesneriaceae é representada por 23 gêneros e cerca de 200 espécies. Seemannia sylvatica é uma espécie herbácea que ocorre em densas populações nos leitos de rios da região da Serra da Bodoquena. Os objetivos deste estudo foram conhecer a biologia floral (nos primeiros cinco dias de antese), determinar o sistema reprodutivo e os polinizadores de S. sylvatica. A coleta de dados foi realizada no período de junho de 2005 a julho de 2006 através de viagens mensais a campo, com duração de cinco dias. Dados sobre a biologia floral, o sistema reprodutivo e sobre os visitantes florais foram tomados em indivíduos localizados ao longo de uma trilha de 2500 m de extensão, em área de mata ciliar do rio Salobrinha. As flores de S. sylvatica são tubulosas, vermelhas, inodoras e duram mais de cinco dias (ca. 10 - 20 dias em indivíduos transferidos para jardim e mantidos em vasos). Seemannia sylvatica apresenta protandria, sendo que a fase masculina ocorreu entre o primeiro e o quarto dia de antese e a feminina a partir do quinto dia. O volume médio de néctar secretado foi de 4,77 ± 3,2 µl, tendo variado significativamente em flores de diferentes idades. Por outro lado, a concentração média do néctar foi de 9,71 ± 4,41%, e não houve diferença significativa nas diferentes idades da flor. As flores de S. sylvatica foram polinizadas principalmente pelos beija-flores Phaethornis pretrei e pelas fêmeas de Thalurania furcata, e pilhadas pela abelha Ceratina chloris. A borboleta Parides anchises orbygnianus foi considerada polinizadora ocasional dessas flores. Seemannia sylvatica é autocompatível, havendo formação de frutos nos experimentos de autopolinização espontânea, autopolinização manual, polinização cruzada e controle. A protandria, aliada ao padrão de produção de néctar em S. sylvatica, caracterizado pelo baixo volume e concentração de solutos, que induz os polinizadores a visitarem flores diferentes num dado circuito de forrageamento, agem maximizando a probabilidade de ocorrência da polinização cruzada. Por outro lado, a alta proporção de frutos formados por autogamia é uma estratégia importante tendo em vista que S. sylvatica é visitada por poucas espécies, sendo polinizada principalmente por P. pretrei. Portanto, na ausência desses visitantes, a formação de frutos pode ser assegurada.
ASSUNTO(S)
sistema reprodutivo ornitofilia phaethornis pretrei protandria mata ciliar
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