Caracterização biológica e molecular de cepas de Leishmania (Leishmania) major-like isoladas no Brasil e análise da expressão diferencial de genes possivelmente envolvidos com infecciosidade

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Resumo As leishmanioses compreendem um complexo de doenças infecto-parasitárias causadas por várias espécies do gênero Leishmania (ROSS, 1903) que colocam em risco 350 milhões de pessoas em mais de 88 países em regiões tropicais, subtropicais e temperadas do globo. A identificação e caracterização destes parasitos são de fundamental relevância para estudos eco-epidemiológicos, diagnóstico, tratamento, determinação de medidas profiláticas e de controle da doença. No Brasil, a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) tem se apresentado em franca expansão geográfica, determinada entre outros fatores, pelo acelerado processo de urbanização. Oito espécies de Leishmania já foram caracterizadas como causadoras da LTA no Brasil. Entre estas, uma espécie semelhante à Leishmania major do Velho Mundo, denominada de Leishmania major-like. Embora, ainda não completamente caracterizada, esta Leishmania tem sido comumente relatada em muitos estudos de investigação epidemiológica realizados no Novo Mundo. Este estudo teve como objetivo caracterizar amostras de L. major-like, isoladas no Brasil, através de técnicas biológicas e moleculares utilizando amostras de referência do Novo e Velho Mundo como padrão comparativo. O comportamento destas amostras, quando avaliado pelo crescimento in vitro, infecção em hamsters e análise de polimorfismo de DNA genômico, não revelou diferenças, com relação à L. major do Velho Mundo, cepa de referência FN (MHOM/IL/1980/FN), o que nos sugeriu ressaltar que a existência da L. major-like como agente causador da leishmaniose cutânea, deve ser considerada em estudos de identificação de Leishmania sp. isoladas no Novo Mundo, assim também como em estudos de investigação epidemiológica da LTA. Duas das cepas de L. major-like, isoladas de casos humanos de leishmaniose tegumentar no Brasil, e utilizadas na vacina Anti-LTA desenvolvida por Mayrink et al. (1979) e também em kits para diagnóstico de leishmaniose visceral (Barbosa-de-Deus et al., 2002) apresentaram diferente perfil de infecciosidade para hamsters e para camundongos BALB/c e foram estudadas em especial através de outras técnicas isoenzimas, RAPD-PCR, SSR-PCR e a técnica de Supressão por Hibridização Subtrativa (Suppression Subtractive Hybridisation SSH). A análise de marcadores genéticos gerados pelas técnicas de RAPD-PCR e SSR-PCR, e o perfil isoenzimático de ambas as amostras não revelou diferença entre as duas e por isso foi pesquisada a presença de genes específicos, que pudessem determinar diferença na infecciosidade desses parasitos para animais de laboratório. Através da técnica de SSH, a qual seleciona genes diferencialmente expressos, essas cepas foram avaliadas quanto a possível expressão de proteínas relacionadas à infecciosidade. Nove sequências de cDNA mostraram homologia significante com genes conhecidos de Leishmania sp (IVENS et al., 2005), dentre os quais, alguns estão possivelmente envolvidos com processos fisiológicos incluindo metabolismo, proteínas ribossomais, destinação de proteínas, produção de energia, fatores de virulência e funções desconhecidas. A técnica de SSH foi considerada uma boa ferramenta para identificação rápida de genes diferencialmente expressos e a análise desses genes, pode expandir a compreensão sobre a patogênese da leishmaniose, identificando genes que possam constituir alternativas para o desenvolvimento de novas drogas e vacinas contra a leishmaniose.

ASSUNTO(S)

expressão gênica teses. leismaniose teses. fatores de virulência.

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