Composition and structure of bird community in the fragmentated landscape of Pontal do Paranapanema / Composição e estrutura da comunidade de aves na paisagem fragmentada do Pontal do Paranapanema

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este estudo mostrou os efeitos da fragmentação sobre a avifauna considerando diferentes aspectos, levando em conta escalas espaciais e temporais distintas e os diferentes elementos que compõem uma paisagem fragmentada. Verificamos a influência das características intrínsecas dos fragmentos, da configuração das paisagens e da variação geográfica sobre as respostas das espécies à fragmentação. Igualmente importante está a variação temporal; modificações da estrutura da paisagem passada têm reflexos na distribuição e abundâncias das aves na paisagem atualmente e a inclusão dessa variável nas análises nos permite avaliar de maneira mais precisa o grau de ameaça que as espécies sofrem nas paisagens alteradas pela ocupação humana. O primeiro capítulo mostra que no Pontal do Paranapanema o tamanho dos fragmentos e a estrutura da vegetação são os fatores principais que afetam a avifauna na região. Isso acontece devido ao grau de isolamentos intenso dos remanescentes, que devem impedir com que a maior parte das espécies florestais se movimentem entre fragmentos, tornando as características intrínsecas dessas áreas mais importantes. Vimos também que uma grande proporção das espécies florestais (~41%) é afetada ou altamente afetada pela redução e fragmentação do habitat, e que, em geral, essas espécies fazem parte de grupos funcionais mais vulneráveis, entre eles: as espécies endêmicas da Mata Atlântica, que estão próximas do limite de distribuição, que estão fora de seus centros de abundância e que têm baixa flexibilidade no uso de florestas. No segundo capítulo, avaliamos o papel de bosques agroflorestais funcionando como trampolins ecológicos (“stepping stones”). Encontramos poucas evidências de que esses elementos influenciem a composição das comunidades de aves na escala da paisagem ou para os remanescentes grandes da região. Espécies generalistas e de áreas abertas foram as mais freqüentemente observadas nos bosques agroflorestais e nos outros elementos de conexão (fragmentos pequenos e corredores ripários), enquanto apenas poucas espécies florestais foram observadas nessas áreas. No entanto, esses elementos são mais ricos em espécies dos que a matriz de pasto, o que mostra a desvantagem desse sistema tradicional de monocultura instalada na região desde o início de sua ocupação. Propomos ainda uma hipótese geral sobre a eficiência dos trampolins ecológicos que ocorre em resistências intermediárias da matriz; quando a matriz é muito resistente, muito contrastante com o habitat natural, como para as espécies florestais em nosso estudo, os indivíduos não conseguem utilizar esses elementos por não conseguirem sair dos fragmentos; em oposição, em matrizes muito permeáveis, provavelmente a necessidade dos trampolins é diminuída porque a movimentações podem ocorrer pela própria matriz; dessa forma, apenas em condições intermediárias os trampolins ecológicos terão uma eficiência ótima, como para as espécies generalistas em nosso estudo; claramente, essa relação é espécie-dependente. Observamos ainda que a distância dos bosques aos remanescentes florestais é determinante na composição, riqueza e abundância de espécies que usam esses elementos. Os trampolins devem ser considerados como alternativa de manejo da paisagem, sobretudo em áreas em que não é possível a implantação de corredores e a matriz tenha uma permeabilidade adequada. No terceiro capítulo, verificamos que a estrutura espacial da paisagem do Pontal de 1978, explica melhor as riquezas de grupos funcionais mais sensíveis do que a estrutura mais atual (2003), evidenciando um tempo de latência da resposta das espécies de cerca de 25 anos. Contrariamente, as espécies não-sensíveis estiveram mais relacionadas com a paisagem mais recente. Esse resultado mostra que as espécies sensíveis ainda não se estabilizaram nos fragmentos e que mais perdas poderão acontecer mesmo sem novos avanços da fragmentação do habitat na região. Processos semelhantes devem acontecer em outras regiões da Mata Atlântica, com o agravante de que, em muitos casos, o tempo de isolamento dos remanescentes é maior e, portanto, esse processo de perda está mais adiantado. No quarto capítulo estimamos quanto é o débito ecológico provocado pelo processo de fragmentação, i.e. quantas espécies devem ser perdidas devido a esse processo; e qual é o tempo de latência para a perda das espécies. Verificamos que o débito é muito alto especialmente para as espécies sensíveis, as endêmicas e as que têm baixa abundância relativa. Muitas dessas espécies já foram perdidas, principalmente nos fragmentos menores e de qualidade inferior, em que o tempo de latência é mais curto; e, muitas outras serão perdidas em um futuro próximo nos fragmentos maiores. O tempo de latência que estimamos é menor do que o encontrado em outro estudo com aves tropicais da África, ilustrando que a urgência para impedir o desaparecimento das espécies é maior do que se pensava. Finalmente, no último capítulo verificamos que as respostas das espécies à fragmentação dependem não somente da configuração da paisagem em uma certa região, mas também da sua localização geográfica. As respostas das espécies podem variar ao longo de sua distribuição geográfica e, em geral, elas são mais vulneráveis quando estão próximas da borda de distribuição, sobretudo as endêmicas. De forma semelhante, aquelas que estão fora dos seus centros de abundância também apresentam uma sensibilidade mais elevada. As espécies com baixa abundância são afetadas independentemente de suas localizações. Verificamos também que em paisagens mais conectadas, a área dos fragmentos tem uma importância secundária e o limiar de tamanho para a ocorrência das espécies mais sensíveis é muito menor nessas situações em comparação com paisagens onde os remanescentes estão muito isolados.

ASSUNTO(S)

dinâmica da paisagem ecologia da paisagem landscape ecology birds fragmentations aves fragmentação landscape dynamic

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