Consolidação do sistema bancario em São Paulo na decada de 1920

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Nenhuma economia no mundo pode alcançar pujança sem que o organismo bancário esteja preparado para responder às exigências daí decorrentes. É imprescindível para a economia nacional que o setor bancário esteja estruturado e consolidado, pois em caso de crises econômicas endógenas ou exógenas evita-se um impacto ainda mais danoso aos já indesejáveis efeitos de uma eventual crise ao país. O sistema bancário brasileiro, no período da Primeira República, em particular durante a década de 1920, passou por intenso e severo processo de ajustamento como compensação da omissão das autoridades monetárias, que, até o fim do Império, não demonstraram esforços suficientes no sentido de normatizar as atividades bancárias, pois ainda não tinham a real dimensão do papel dos bancos para o bom funcionamento dos fundamentos macroeconômicos. A desorganização do segmento bancário constituiu-se em grande obstáculo à eficiência e à harmonização da estabilidade econômica. Os bancos, quando normatizados de forma correta, são instrumentos importantes para alcançar-se a estabilidade monetária e cambial tão perseguidas pelo governo naqueles anos. É certo que a década de 1920 é caracterizada por estreita relação entre políticas públicas e sistema bancário. Nos primeiros anos desse período, observa-se a presença de gestores econômicos, cuja linha de pensamento estava atrelada à ?escola bancária?. Por outro lado, a partir de meados da década, alternaram-se os mentores da política econômica, que abandonaram os paradigmas da escola anterior e retomaram os princípios da "escola monetária". A partir de 1920, tem-se uma presença mais efetiva do Estado, no que concerne ao estabelecimento de normas, regras, adequada fiscalização e suporte institucional aos bancos privados, nacionais e estrangeiros. Porque o governo passa atuar de modo mais austero a partir da década 1920? Qual a preocupação dos agentes que promoveram a regulação bancária" Quais as medidas implantadas" Quais os efeitos dessas medidas no segmento bancário" A presente dissertação se propõe a investigar essas questões. Este trabalho tem por objetivo demonstrar que a intervenção do governo na economia, mediante a adoção de regulações bancárias durante a década de 1920, foi fundamental para que o sistema bancário no país conseguisse alcançar um grau satisfatório de consolidação e fortalecimento, particularmente das instituições financeiras domésticas, ao término da Primeira República. Esse fato pode ser constatado quando se averigua que, na Crise de 1929, o setor bancário brasileiro sofreu poucos abalos, se comparado às crises financeiras anteriormente ocorridas. Deve-se salientar que a pesquisa concentrará sua ênfase nos bancos comerciais privados . O Banco do Brasil, o maior banco comercial à época com sede na capital federal, terá - no âmbito de sua abordagem - salientado, sobretudo, seu aspecto de instrumento regulador e gerencial do governo. Para uma melhor compreensão dessas questões, tomar-se-á como referência as transformações do setor bancário do Estado de São Paulo ao longo do período. Faz-se necessário salientar que várias das autoridades que formularam as regulações bancárias tinham laços estreitos com o setor bancário paulista. Além disso, não podemos esquecer que, ao contrário do que ocorria com a economia fluminense, o Estado de São Paulo tornava-se a "locomotiva" da nação. No intuito de demonstrar o intenso desenvolvimento do setor bancário paulista, deve-se ressaltar o fato de que entre 1922 e 1930, enquanto no Estado do Rio de Janeiro foram concedidas 119 cartas patentes autorizando o funcionamento de bancos e casas bancárias (aí incluídas as estatísticas referentes ao Distrito Federal), no mesmo período, o Estado de São Paulo recebeu 353 cartas patentes

ASSUNTO(S)

bancos - são paulo (estado) - regulamentação

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