Constituição sintética ou analítica? : o risco dos discursos de reescrita legislativa e a dinâmica constitucional brasileira
AUTOR(ES)
Leandro Antunes Mariosi
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
Nas últimas duas décadas, a Constituição brasileira tem sido continuamente reescrita. Considerada analítica, ela é amiúde apontada como obstáculo à evolução política e à governabilidade. Essa perspectiva tradicional funda-se em equivocada compreensão da linguagem e do processo legislativo, uma vez que entende a linguagem como mera figura da realidade e o processo legislativo como mero instrumento à disposição de maiorias políticas. Cuida-se de um discurso de salvação. Legitimidade sintetizada pelo simples rito da reescritura legislativa; evolução política sintetizada pela ilusão da auto-aplicação dos textos normativos. Em verdade, a Constituição tem o sentido que lhe é conferido. Será simplesmente limite quando reduzida a texto; será garantia de liberdade e igualdade quando tida por efetivamente constitutiva. Pilar doutrinário da perspectiva tradicional, a distinção entre Constituição sintética e analítica repercute na dinâmica constitucional brasileira e, embora tenda a engessá-la, não a paralisa, como demonstram fragmentos de racionalidade resgatáveis em nossa recente vivência constitucional. Sob sua melhor luz, a Constituição vive e constitui como nunca.
ASSUNTO(S)
contituições linguagens formais poder constituinte direito
Documentos Relacionados
- Democracia e constituição : o processo de abertura democrática e a constituição brasileira
- O conteúdo da produção legislativa brasileira: leis nacionais ou políticas paroquiais?
- Discutindo a clínica e o tratamento da toxicomania: dos discursos à constituição subjetiva
- Democracia em discursos : Investigação dos pronunciamentos parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal
- A constituição brasileira de 1988 e o direito internacional dos direitos humanos