Crescimento econômico e emissão de CO2 por combustíveis fósseis: uma análise da hipótese da Curva de Kuznets Ambiental / Economic growth and CO2 emissions from fossil fuel: an analysis of the Environmental Kuznets Curve hypothesis

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A preocupação contemporânea com meio-ambiente instiga questionamentos quanto aos efeitos do crescimento econômico na degradação do ambiente natural e quanto a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento. O aquecimento global é um dos problemas ambientais de maior importância da atualidade e sua principal causa é o aumento das emissões de dióxido de carbono no mundo. Este trabalho propõe verificar empiricamente a curva que melhor representa a relação entre emissão de CO2 por combustíveis fósseis e PIB para 13 países e fazer previsões das emissões brasileiras para as próximas décadas utilizando a relação encontrada. A maioria dos estudos acerca do crescimento econômico e das emissões de CO2 especulam sobre a existência de uma curva em formato de U invertido, chamada de Curva de Kuznets Ambiental (CKA), para representar a relação entre as duas variáveis. A hipótese da CKA defende que o crescimento econômico, a princípio, aumentaria a degradação ambiental, mas após atingir um ponto máximo esta tenderia a diminuir com o aumento da renda. Um argumento para este comportamento é que nas fases iniciais do desenvolvimento econômico há a mobilidade de uma economia agrária "limpa" para uma economia industrial intensiva em poluição e, posteriormente, para uma economia de serviços "limpos" (ARROW et al., 1995). Entretanto após alguns anos do surgimento da CKA surgem diversos trabalhos buscando fazer verificações mais rigorosas da Curva. Harbaugh et al. (2001) sugere que a evidência empírica da CKA é menos robusta do que parece, tomando como base o trabalho Grossman e Krueger (1995), o autor afirma que os resultados podem mudar com poucas alterações nas amostras, nas especificações prévias das variáveis ou no modelo utilizado. A crítica se fortalece no caso do dióxido de carbono como variável de degradação ambiental, o trabalho de Berrens et al. (2007) faz uma meta análise da CKA com 588 observações de 77 trabalhos e mostra que apenas 27% dos estudos estimaram um ponto de reversão, sendo que o formato de U-invertido não foi significativo para o caso do dióxido de carbono. Dada a heterogeneidade do debate, o presente estudo testou diferentes formas funcionais que relacionam crescimento econômico e emissões de gás carbônico por combustíveis fósseis, para isso empregou-se técnicas de regressão com dados em painel. As previsões das emissões brasileiras nas próximas décadas foram feitas utilizando-se a função estimada anteriormente juntamente com projeções de população e PIB obtidas em fontes secundárias. Os resultados indicam que a relação para os países observados, como um todo, tem a forma logarítmica, crescendo a taxas decrescentes. A partir dos resultados encontrados, é possível inferir que o crescimento econômico, por si só, não é capaz de promover um desenvolvimento sustentável em termos de emissões de dióxido de carbono. No caso brasileiro, políticas de redução de CO2 devem ser implementadas com urgência, para promover a sustentabilidade ambiental. Considerando que a partir da década de 2020, as emissões por combustíveis fósseis nacionais deixam de ser sustentáveis, uma medida preventiva seria o estímulo a investimentos em novas tecnologias poupadoras de recursos naturais não-renováveis.

ASSUNTO(S)

economia dos recursos naturais crescimento econômico emissão de co2 combustíveis fósseis economic growth co2 emissions fossil fuel

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