Criação e aplicação de instrumento para verificação de aderência à técnica psicanalítica em sessões de psicoterapia

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: A pesquisa em psicoterapia carece de métodos que visem garantir a aderência à técnica psicanalítica em sessões de psicoterapia. Tal fato é um potencial gerador de vieses em pesquisas de resultados. A padronização e manualização dos tratamentos restringem a técnica e afastam o tratamento daquele aplicado na realidade. Objetivos: Desenvolver um instrumento confiável e de fácil aplicação a fim de verificar se determinada sessão pode ser considerada como psicanalítica e realizar análises iniciais em relação à confiabilidade do instrumento (Artigo 1). Além disso, pretende-se testar se o instrumento é capaz de diferenciar sessões de psicoterapia psicanalítica de outros tipos de psicoterapia (Artigo 2). Métodos: O estudo foi dividido em 5 fases: fase 1- seleção do conjunto de itens, através de grupos focais e construção das sentenças; fase 2 ¿ testes preliminares com aplicação em sessões transcritas de psicoterapia psicanalítica e terapia cognitivo-comportamental (TCC) por 5 avaliadores, problemas discutidos em grupos focais; fase 3- cálculo da consistência interna e confiabilidade inter-avaliadores, utilizando-se 16 sessões de psicoterapia psicanalítica (avaliadas por experts), 2 típicas de TCC e 2 típicas de terapia interpessoal (TIP) provindas da literatura, com 8 avaliadores, tendo sido calculado alfa de cronbach, kappa, sensibilidade e especificidade do ponto de corte e realizada análise fatorial (SPSS 16.0); fase 4 ¿ realizada validade de face, através de opiniões de experts (4 primeiras fases ¿ Artigo 1); fase 5 ¿ analisada capacidade de discriminação entre psicoterapia psicanalítica e TCC, através da aplicação em 25 sessões de psicoterapia psicanalítica e 15 de TCC, por 5 avaliadores, com treinamento prévio de 1h, sendo realizado cálculo do kappa (concordância entre o tipo de psicoterapia e o ponto de corte sugerido) e curva ROC para o ponto de corte (Artigo 2). Resultados: Fase 1- foram selecionados 6 domínios: natureza da intervenção, neutralidade, uso de interpretações, qualidade das interpretações, uso da teoria psicanalítica, clima da sessão, sendo que cada item com escore de 0 a 5, em uma escala Likert; Fase 2- 5 domínios, excluído o item qualidade das interpretações, uma vez que o objetivo é avaliar se uma sessão é ou não psicanalítica e não a sua qualidade; Fase 3- Análise dos Componentes Principais: 1 único fator significativo (eingenvalues = 3,930), explicando 78,61% da variância total, sendo que todos os itens tiveram participação relevante (item loadings >0,84) na solução fatorial, alfa de Cronbach= 0,81, com ponto de corte de 13: kappa de 0,81, com sensibilidade de 98% e especificidade de 94%; Fase 4- avaliação por experts de outros países, concluindo que os termos selecionados têm o mesmo significado em outras culturas, descrevendo aspectos teóricos e técnicos em diferentes contextos (4 primeiras fases ¿ Artigo 1); Fase 5 ¿ na diferenciação com TCC, o kappa variou entre 0,79 e 1, sendo o kappa conjunto calculado de 0,83. Curva ROC demonstrou que sensibilidade e especificidade de 100% são obtidas com o ponto de corte de 13,2 (Artigo 2). Conclusões: O presente estudo demonstrou que o instrumento criado é útil em verificar aspectos fundamentais da técnica psicanalítica em sessões de psicoterapia, com boa capacidade de diferenciação entre sessões de psicoterapia psicanalítica e de TCC. Mostrou boa confiabilidade, ainda, nos testes iniciais.

ASSUNTO(S)

psicanálise sychoanalysis psychoanalytic psychotherapy psicoterapia estudos de validação scales adherence to technical questionários terapia psicanalitica

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