Critica da organização do trabalho pedagogico e da didatica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1994

RESUMO

O trabalho consta de três partes. Uma primeira, discute, com alguns autores da área da didática, os principais enfoques correntes. Deste debate, formula-se o problema que, fundamentalmente, interroga a forma de produção de conhecimento na área. O autor considera que somente uma crítica da didática articulada à organização do trabalho pedagógico, partindo das contradições presentes no interior da escola capitalista, pode conduzir a uma gradativa construção do campo, permitindo identificar as contradições e exercitar formas de superação. Um segundo momento, explicita alguns pontos de partida teórico-rrtetodológicos. A discussão passa pelo método de análise materialista histórico-dialético, pela noção de didática e de ciência pedagógica, bem como apresenta um posicionamento sobre o momento atuai, tentando uma crítica do neoliberalismo e sua correspondente vertente educacional, que 0 dutof considera um neotecnicismo. O passo seguinte, constitui a apresentação dos dados que o autor e colaboradores conseguiram reunir no interior do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos e que apontam a categoria avaliação/objetivos como central para a compreensão da prática pedagógica da escola capitalista. Tal categoria modula a categoria conteúdo/método. O Capítulo apresenta um estudo realizado, na Cidade de Campinas, com 816 professores da rede pública de ensino, no qual se procurou investigar as concepções e práticas de avaliação correntes, bem como, um estudo qualitativo que acompanhou a prática pedagógica de um professor da rede pública de ensino, durante um ano letivo, registrando aspectos relativos à avaliação da aprendizagem. Adicionalmente, são resumidos outros três estudos sobre avaliação conduzidos no interior do Laboratório. As práticas de avaliação aparecem envolvendo pelo menos três áreas: desempenho, disciplina e motivação. Tais áreas interpenetram-se em um processo único e encoberto que combina avaliação formal e informal. Os dados são contrastados com a literatura procurando mostrar as relações sociais envolvidas. O aluno, alienado da gestão escolar e do processo de produção de conhecimento, deixa de ver sentido nas suas realizações, com repercussões para a interação com o professor e para sua auto-imagem. O produto de seu trabalho acadêmico só tem valor quando o professor assim o determina. A própria continuidade do acesso ao conteúdo passa a depender dos resultados da avaliação. Esta realidade coloca o aluno frente a um processo cuja contradição entre eliminação/manutenção funda-se na origem social e na necessidade de hierarquizá-lo. Finalmente, uma tentativa de conclusão aponta alguns aspectos relativos às possíveis formas de superar as atuais práticas de avaliação e enfatiza contribuições do estudo para a área da didática e para a crítica do neoliberalismo na educação

ASSUNTO(S)

sociologia educacional didatica

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