Cuidadores de idosos com doença de Alzheimer: variáveis sociodemográficas e da saúde associadas à resiliência / Caregivers of elderly people with Alzheimer disease: sociodemographic and health variables associated to resilience

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As manifestações da doença de Alzheimer geram múltiplas e progressivas demandas de cuidado. A sobrecarga decorrente pode ser responsável pela manifestação de doenças somáticas e de depressão e alterar a capacidade resiliente do cuidador. O estudo teve como objetivo identificar o perfil, as variáveis sociodemográficas, de saúde e a presença de depressão de cuidadores de idosos com doença de Alzheimer e sua associação com indicadores de resiliência. Trata-se de pesquisa exploratóriodescritiva em que os dados foram coletados no Ambulatório de Neurologia Comportamental do Hospital das Clínicas e no Ambulatório de Neurogeriatria do Centro de Saúde Escola, ambos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, no período de fevereiro de 2009 a janeiro de 2010. A amostra constou de 101 cuidadores de ambos os sexos, maiores de 18 anos, consanguíneos ou não e que exerciam a função do cuidado com o mesmo idoso há pelo menos um ano. Utilizou-se o Inventário de Depressão de Beck e a Escala de resiliência para caracterizar o perfil do cuidador. Os resultados referentes à identificação dos sujeitos, dados de saúde e do cuidado foram submetidos à análise estatística descritiva, associando os indicadores de resiliência pelo teste exato de Fisher. Os dados do IDB foram classificados segundo escore de rastreamento e foi realizada análise qualitativa das questões do teste. O escore final da Escala de Resiliência foi analisado em tercis (baixo, médio e alto) para encontrar os indicadores de resiliência. Os resultados evidenciaram que 59% dos idosos eram do sexo feminino, 85% estudaram até quatro anos e 48% estavam acima dos 75 anos. Quanto ao estadiamento da demência, 43,5% apresentaram demência moderada; apenas três idosos não apresentaram prejuízo cognitivo ao Mini Exame do Estado Mental. Quanto aos cuidadores, 83% eram do sexo feminino; 80% tinham 46 ou mais anos; 40,6% tinham até quatro anos de escolaridade; maioria (78,3%) casada; 94% eram cuidadores familiares, e, desses, 47,5% eram filhos; 57,4% recebiam até três salários mínimos e 55,4% morava na mesma residência que o idoso. Referente ao estado emocional, 68,3% dos cuidadores referiram mudanças; 70,2% referiram cansaço, 64,3% irritabilidade, 51,4% alteração no sono. O tempo dedicado ao cuidar foi de 24 horas diárias para 42% dos cuidadores. Na tarefa de cuidar, 64,5% recebiam ajuda de outras pessoas e 76% dos cuidadores afirmaram possuir algum conhecimento sobre a doença de Alzheimer. O significado atribuído à tarefa de cuidar foi, para 71,3% dos cuidadores, de retribuição e 77,2% referiram satisfação em cuidar. Nenhum cuidador pontuou para depressão e 23,5% relataram irritabilidade; 14,8% referiram estar em tratamento médico e fazer uso de antidepressivo. Cansaço, esgotamento e desânimo associaram significantemente com alto grau de resiliência. Estadiamento da demência associou significantemente com percepção do estado emocional e irritabilidade. A maioria dos cuidadores referiu prazer na tarefa de cuidar. O sentimento de retribuição, a satisfação no cuidar e a ajuda recebida de outras pessoas favorecem a capacidade resiliente do cuidador. Não ter depressão é um indicador positivo para a tarefa de cuidar, apesar dos desafios enfrentados.

ASSUNTO(S)

alzheimer disease caregivers cuidadores depressão depression doença de alzheimer enfermagem nursing resilience resiliência

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