De que forma as coisas que nós fazemos são contadas por outras pessoas? um estudo de correspondência entre comportamento não verbal e verbal

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/11/2002

RESUMO

A correspondência entre o comportamento não verbal e comportamento verbal tem sido estudada já há vários anos. O objetivo do presente estudo foi averiguar possíveis variáveis que podem interferir na precisão de relatos sobre o comportamento não verbal de outros indivíduos. Participaram desse estudo 12 crianças, entre 4 e 6 anos, de uma creche pública. Foram sorteadas duas duplas, nas quais um dos participantes brincava e outro ficava observando, e dois quartetos, nos quais dois participantes brincavam e dois deles observavam. Cada sessão experimental era composta por (a) um momento de brinquedo, quando as crianças podiam brincar com até 3 brinquedos (de um total de seis) enquanto eram assistidas pelos observadores, por (b) um momento de relato e, eventualmente, por (c) um momento de sonda. As crianças que brincavam em cada dupla relatavam sobre seu próprio comportamento; todas as demais relatavam sobre os brinquedos utilizados por um dos colegas que brincava. Durante todo o estudo variaram apenas as contingências no momento de relato. Todos os participantes passaram inicialmente por sessões de linha de base, nas quais os relatos não eram consequenciados e, depois, passaram a ter um conteúdo específico de seus relatos (brincou ou anão brincou) reforçados em sessões de relato individual, seguidas por sessões de relato na presença de outros participantes, nas quais eram reforçados os relatos com o mesmo conteúdo das sessões anteriores. Foi introduzida, então, uma fase de reforçamento da correspondência, na qual apenas os relatos correspondentes aos brinquedos efetivamente manipulados eram consequenciados. Os resultados mostraram que 10 dos 12 participantes emitiram relatos correspondentes na linha de base. Com a introdução do reforçamento individual do conteúdo, 5 participantes passaram a emitir relatos não correspondentes, aumentando a ocorrência de relatos que continham o conteúdo que estava sendo reforçado. Na fase de reforçamento de conteúdo em grupo, 5 outros participantes também passaram a emitir relatos não-correspondentes. Ao introduzir o reforçamento do relato correspondente, os participantes tenderam a continuar a emitir relatos não-correspondentes, a despeito da perda de reforçamento. Apenas nas sessões finais, nas quais foram utilizadas confirmações e desconfirmações dos relatos, todos os participantes relataram predominantemente de forma correspondente. Os resultados sugerem que os participantes tendem a relatar de forma correspondente o comportamento de outros indivíduos quando não existe reforço contingente a algum conteúdo específico. Características do comportamento não verbal, como sua duração ou variabilidade, parecem não ter interferido na precisão dos relatos. Não foram encontradas diferenças claras entre os relatos daqueles que tiveram que brincar e observar em relação aqueles que apenas observaram o brincar dos colegas. Durante as sessões de relato conjunto, ter acesso ou não à situação relatada não gerou diferenças nos padrões de relato, apenas nas verbalizações espontâneas dos participantes. As contingências programadas para o relato sobre o colega afetaram também o auto relato

ASSUNTO(S)

psicologia experimental correspondência entre dizer e fazer reforçamento crianças comportamento nao verbal (psicologia) comportamento verbal verbal behavior relation between verbal and non verbal behavior correspondence between saying and doing reinforcement children

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