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Desenvolvimento de métodos para quantificação de drogas em matrizes de interesse forense

 O uso abusivo de drogas tornou-se um problema de abrangência mundial que traz graves conseqüências para os usuários e para a sociedade. Drogas ilícitas como cocaína, maconha, etc. e lícitas como medicamentos de uso controlado estão relacionadas com mortes envolvendo overdoses, intoxicações, acidentes automobilísticos, homicídios e suicídios. Neste contexto, o desenvolvimento de métodos analíticos sensíveis e de baixo custo é de suma importância na avaliação destes casos. No presente trabalho foram desenvolvidos métodos analíticos empregando a extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL-PBT) e/ou extração líquido-líquido com partição em baixa temperatura (ELL-PBT) e análises por técnicas cromatográficas acopladas à espectrometria de massas. A técnica de ELL-PBT faz uso de um solvente hidrofílico (acetonitrila) que é separado da fase aquosa por abaixamento da temperatura (-20 ºC). Por este método é possível a obtenção de extratos limpos, mesmo em matrizes complexas, sem a necessidade de etapa posterior de purificação. O presente trabalho consta de três partes. Na primeira parte o procedimento de ELL-PBT foi aplicado para a determinação de cinco benzodiazepínicos em amostras de urina por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. O método foi otimizado obtendo-se recuperações que variaram entre 61,3 e 100,4 %. Os ensaios de validação apresentaram baixos limites de detecção (1 a 5 µg L-1), boa precisão com coeficiente de variação (CV) inferior a 12,5 % e exatidão entre 72,9 a 116,6%. O método foi aplicado a duas amostras reais de usuários de diazepam, sendo possível a determinação não apenas deste princípio ativo, como também do seu metabólito, o oxazepam. Na segunda parte, o procedimento de ELL-PBT e ESL-PBT foi otimizado para determinação de cocaína em matrizes biológicas, tais como fígado, urina e sangue por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Os métodos foram validados apresentando baixos limites de detecção e quantificação, e precisão inferior a 13,4 %. Os ensaios de adição e recuperação avaliados na exatidão do método variaram de 69,2 a 81,9 % na matriz de sangue; 92,6 a 95,7 % em urina e de 95,1 a 100,4 % no fígado. Os métodos validados foram aplicados com sucesso à amostras de matrizes biológicas de periciados post-mortem. Tais amostras consistiram de 8 amostras de fígado, 5 amostras de urina e 5 amostras de sangue obtidas em parceria com o Instituto Médico Legal de Minas Gerais. Na última parte, uma avaliação dos constituintes orgânicos e inorgânicos foi feita em amostras de "cocaína de rua" apreendidas nos estados de Minas Gerais e Amazonas. Compostos orgânicos tais como cocaína, cafeína, lidocaína e benzocaína foram quantificados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Constituintes inorgânicos como Ca, Mg, Na, K, P, Al, Fe, Mn, Co, Cu, Cr, Mo, Ni, Pb e Zn foram determinados por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES) enquanto os ânions nitrato, cloreto, nitrito, brometo, fluoreto e sulfato foram determinados por cromatografia iônica. A pureza da cocaína nas amostras apreendidas em Minas Gerais variou de 6,4 a 75,3%. Essas amostras apresentaram um grau de adulteração maior do que amostras apreendidas no estado do Amazonas. A cafeína foi o adulterante mais comum das amostras apreendidas em Minas Gerais, sendo encontrado em 76% das mesmas, seguido pela lidocaína (66,7%). Correlações de Pearson foram obtidas com o objetivo de relacionar os constituintes orgânicos e inorgânicos com os processos de adulteração e diluição das amostras de cocaína de rua