Jaciara Bezerra Marques
2010A velhice constitui-se de uma fase da vida quando ocorrem várias mudanças biológicas, psicológicas e sociais. Os profissionais de saúde da atenção primária, incluindo os médicos, devem estar capacitados na prevenção e controle dos agravos à saúde dos idosos. A avaliação multidimensional do idoso, que objetiva fazer uma análise global com ênfase na funcionalidade, constitui-se um modelo de avaliação que deve ser utilizado na atenção à saúde do idoso. Juazeiro do Norte, município do interior do Ceará, com população de 242.139 habitantes e 21.714 idosos, até dezembro de 2009, não possuía Centro de Referência em Atenção ao Idoso. No serviço público local não havia nenhum geriatra. A maioria dos idosos desta cidade recebeu atendimento médico através da Estratégia de Saúde da Família (ESF). O estudo objetivou conhecer a concepção dos médicos da ESF de Juazeiro do Norte sobre a atenção à saúde do idoso, além de descrever suas atividades dentro de sua equipe de ESF. Para tanto foi realizado estudo qualitativo através de entrevistas com dez médicos da ESF. O referencial teórico utilizado foi a Teoria das Representações Sociais. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, que utilizou um roteiro com questões norteadoras. Nenhum dos entrevistados soube informar o número de idosos na área adstrita a sua ESF. A maioria negou atividades coletivas com idosos. Todos confirmando realizar visitas domiciliares aos idosos. A lembrança mais citada ao se referir a ações da ESF com idosos eram de consultas ambulatoriais. Ao se questionar sobre principais problemas dos idosos em Juazeiro do Norte, destacou-se a lembrança de doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Problemas relacionados à solicitação de exames e à medicalização também foram destacados. Todos os entrevistados fizeram algum tipo de crítica ao serviço de saúde em questão, no entanto nenhum demonstrou insatisfação em atender idosos. Nenhum dos entrevistados utiliza a avaliação multidimensional do idoso. A abordagem do serviço de saúde centrado na doença e na consulta ambulatorial privilegiando as doenças crônicas comuns na velhice , a não participação em ações com outros profissionais da saúde, a não utilização de uma avaliação global do idoso, a pouca valorização da família no processo do envelhecimento e uma visão negativa da velhice foram as principais características das concepções dos médicos observadas neste estudo.