Núcleo de Telessaúde Espírito Santo
2023Um dente decíduo sem seu sucessor permanente, no caso de agenesias, pode permanecer nos maxilares por muitos anos, entretanto é importante saber que esse dente já possui seu processo de rizólise iniciado, de continuação lenta
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Os dentes decíduos possuem células geneticamente programadas para sofrerem apoptose (morte celular) após sua total formação. Assim, a apoptose promove o desaparecimento da polpa e do periodonto dos decíduos, expondo as superfícies internas e externas dos tecidos mineralizados, o que possibilita a ação de células clásticas responsáveis pela reabsorção do tecido. Esse processo é lento, e pode durar entre meses e anos
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Além disso, existem citocinas e fatores de crescimento que induzem a apoptose celular, acelerando o processo de rizólise. Esses mediadores encontram-se nos folículos pericoronários dos dentes permanentes que substituirão os dentes decíduos. Mas, independentemente de possuir um sucessor ou não, todos os dentes decíduos após o tempo normal de esfoliação, iniciam o processo de rizólise
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É fundamental saber, que nesses casos, procedimentos restauradores no decíduo remanescente no adulto, como o aumento de coroa clínica e o tratamento ortodôntico não são indicados, pois eles promovem forças exacerbadas no ligamento periodontal causando inflamação local e aumento de mediadores que aceleram o processo de rizólise
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Nesses casos, também é possível que uma anquilose alveolodentária ocorra, pois os restos epiteliais de Malassez estão em apoptose, o que promove a aproximação do tecido ósseo ao dente
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Pacientes com dentes decíduos remanescentes devem possuir acesso ao atendimento odontológico para que um acompanhamento seja realizado periodicamente para avaliar a sua condição.
1 – Consolaro A. Dentes decíduos remanescentes em adultos e sua rizólise: implicações e aplicações clínicas. Rev Clin Ortodon. 2007; 6(2):108-11. Disponível em:
2 – Consolaro A. Decíduos em adultos devem ser mantidos ou não? E as células-tronco, sua preservação é justificável?. Dental Press J Orthod. 2016; 21(2):15-27. Disponível em: