Ecologia da polinização de duas especies de bromelias de Mata Atlantica no Estado de São Paulo
AUTOR(ES)
Maria Bernadete Ferreira Canela
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002
RESUMO
o objetivo desse estudo foi relacionar aspectos da fenologia, da morfologia e biologia floral bem como do sistema reprodutivo, com os visitantes florais e/ou polinizadores de duas espécies de bromélias, Aechmea pectinata e Brome/ia antiacantha, que ocorrem em mata atlântica de baixada no Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Picinguaba/São Paulo. Foram feitas observações diretas, análises das estruturas florais, medições da produção de néctar e experimentos sobre o sistema reprodutivo. As duas espécies apresentam características florais relacionadas à ornitofilia, tais como folhas avermelhadas, flores tubulares, antese diurna e néctar abundante. A produção de néctar foi maior nas primeiras horas da manhã, decrescendo no restante do dia em ambas as espécies. Os beija-flores Thalurania glaucopis, Amazilia fimbriata (Trochilinae) e Ramphodon naevius (Phaethomithinae) foram os principais polinizadores, visitando as inflorescências de B. antiacantha em rotas de forrageamento e, nas de A. pectinata, comportando-se habitualmente como territoriais. Esta diferença de comportamento provavelmente está relacionada a maior extensão do período de floração e distribuição mais agregada dos indivíduos de A. pectinata, em comparação com os de B. antiacantha. A abertura da corola de B. antiacantha favorece o acesso ao néctar e ao pólen por outros visitantes além dos beija-flores. Nesta espécie, foram também freqüentes as abelhas Bombus morio (Apidae) como polinizador efetivo, e Trigona spinipes (Apidae) como pilhadoras de pólen e néctar. Em A. pectinata foi encontrada relação positiva entre a produção de néctar e a visitação diária dos beija-flores, o que não ocorreu em B. antiacantha, provavelmente, devido à interferência das abelhas T. spinipes, que atacam e afugentam os beija-flores nas primeiras horas do dia. O caranguejo Armases angustipes (Grapsidae) foi registrado alimentando-se das estruturas reprodutivas de A. pectinata e com isso interferindo na visitação dos beija-flores, fato que pode afetar o sucesso reprodutivo desta planta. Ambas as espécies são dependentes de polinizador pois A. pectinata é completamente autoincompatível e B. antiacantha é parcialmente auto-incompatível, mas não autógama. A formação de frutos está relacionada à distribuição espacial dos indivíduos de cada espécie de bromélia e às interações entre visitantes florais. PALAVRAS-CHAVE: Bromeliaceae, biologia floral, polinização, reprodução, floresta atlântica
ASSUNTO(S)
polinização botanica mata atlantica plantas - reprodução
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000253795Documentos Relacionados
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