Ecologia da reprodução assexuada de Palythoa caribaeorum (Zoanthidea :Cnidaria)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O zoantídeo Palythoa caribaeorum se reproduz assexuadamente no Canal de São Sebastião, S.P., Brasil, usando quatro mecanismos de fissão e dois mecanismos de fragmentação. Esta variedade de modos, registrada pela primeira vez para a espécie, sugere grande plasticidade fenotípica e alta capacidade das colônias em responder a diferentes limitações do habitat durante seu crescimento. Cerca de 55% da população se reproduz através de fissão e somente 7% por fragmentação. O maior aporte de ramets (novos indivíduos) à população realizou-se por fissão (1304 ramets em um ano),particularmente via fissão marginal "Edge fission", enquanto que o aporte por fragmentação foi consideravelmente menor (64). A contribuição da fissão ao crescimento populacional de P.caribaeorum parece ser, portanto, bastante significativa. A fissão parece ser controlada pela colônia (controle genético), porém sua intensidade muda devido a fatores extrínsecos (bióticos e/ou abióticos), principalmente aqueles relacionados a características do microhabitat em tomo das colônias (ex. densidade, tipo e quantidade de recursos: substrato, alimento, etc.). Este tipo de reprodução assexuada ocorreu em colônias de qualquer tamanho com taxa constante e uniforme durante o ano todo (distribuindo a probabilidade de sobrevivência dos ramets no tempo). A freqüência de fissão não diferiu entre: 1) locais com diferentes níveis de estresse (ex. maior turbidez, maior sedimentação, e menos luz), 2) locais com diferenças na mortalidade parcial das colônias, 3) estações do ano (com flutuação de temperatura) e 4) profundidade (com variação na intensidade de luz). A fragmentação causada por distúrbios físicos (ex. tormentas) variou no tempo (menor no inverno), mas não no espaço. Já a fragmentação devida à mortalidade parcial foi maior nos locais rasos, onde ocorreu maior incidência de uma doença recentemente descoberta neste estudo. Mortalidade parcial (<5% da área total da colônia afetada) ocorreu em 40% da população, sendo maior no local com maior estresse, mas esta nem sempre gerou reprodução assexuada, não sendo, consequentemente um fator determinante na formação de ramets (via fragmentação ou fissão). A doença, de patógeno desconhecido, registrada pela primeira vez para a ordem Zoanthidea, esteve relacionada diretamente com a temperatura da água e variou no espaço e no tempo. Durante o verão e parte do outono, no pico da reprodução sexuada da espécie, 14 a 20% da população foi infestada. A freqüência da doença e a taxa da reprodução assexuada estiveram diretamente relacionadas ao tamanho da colônia em P. caribaeorum. Assim, a doença (provocando perda de tecido, de gônadas, de área de alimentação, e aumentando o gasto energético para combate-la e reparar tecidos) poderia implicar em queda da reprodução e da aptidão da espécie. A formação de ramets nas colônias pode demorar desde semanas até possivelmente anos. Este estudo mostrou que a dispersão dos mesmos é rápida (3 meses após sua formação) e facilitada pelas correntes, diminuindo no inverno quando o nível de estresse é maior. A maioria dos ramets quantificados foi pequena e, desta forma, sujeita provavelmente a altas taxas de mortalidade. No entanto, a sobrevivência dos ramets e sua contribuição real ao crescimento populacional ainda necessitam ser estudadas

ASSUNTO(S)

celenterado corais - reprodução

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