Efeito da exposição ao frio sobre a expressão de proteinas hipotalamicas e a participação do hormonio concentrador de melanina (MCH) no controle da ingestão alimentar, peso corporal, termogenese e ação molecular da insulina

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A exposição de animais homeotérmicos à baixa temperatura promove alterações fisiológicas que refletem o desvio do fluxo de energia para a produção de calor. A perda do controle coordenado sobre a ingestão alimentar e o gasto energético constitui mecanismo central no desenvolvimento da obesidade, um dos mais prevalentes problemas de saúde pública da atualidade. Uma vez que, sob exposição ao mo, alta ingestão alimentar está associada à elevada termogênese, perda de peso e baixos níveis de insulina, utilizou-se uma analise por cDNA- macroarray visando a identificação de proteínas hipotalâmicas que fossem moduladas em resposta à exposição ao mo (4°C). Esta análise revelou um aumento na expressão do neuropeptídeo orexigênico MCH (hormônio de concentração da melanina) em ratos expostos ao mo. Para avaliar o efeito da hiper-expressão hipotalâmica do MCH sobre a temperatura corpórea, a ingestão de alimentos e a variação de peso corpóreo em ratos expostos ao mo, foi utilizado um oligonuc1eotídeo antisense específico para bloqueio da síntese protéica de MCH, o qual não alterou a ingestão alimentar nem a temperatura corporal desses animais. Tal bloqueio promoveu queda significativa no peso corporal dos mesmos, bem como redução no glicogênio hepático e gordura epididi.ma4 aumento relativo na gordura corporal, hipertrofia do tecido adiposo marrom com aumento na expressão de UCPI (proteína desacopladora mitocondriall) neste tecido, além de aumento no consumo da massa corporal isenta de gordura. Deste modo, o aumento na expressão hipotalâmica de MCH em ratos expostos ao mo parece participar do processo que permite a utilização eficiente de energia para produção de calor durante a adaptação termogênica ao mo. Na parte final deste estudo avaliou-se o papel do MCH sobre produção e ação periférica da insulina e sobre etapas intermediárias fundamentais na transdução do sinal molecular deste hormônio em animai_ mantidos em temperatura ambiente. O estímulo com MCH exógeno promoveu aumento nos níveis de glicose tanto em condições basais quanto durante o GTT, sem alteração nos níveis de insulina, enquanto o tratamento com oligonucleotídeo antisense não alterou estes parâmetros. Assim, o tratamento com MCH parece contribuir para um comprometimento da resposta funcional à insulina. O tratamento com MCH induziu redução na ativação da Akt em músculo, sem modificação na resposta molecular à insulina nos demais tecidos, sugerindo que o MCH per se, e através de um efeito central, possa atuar de maneira primária sobre a modulação na ação periférica da insulina, por mecanismos que exerçam interferência na sinalização da insulina em tecidos chave na captação de glicose. O tratamento com MCH promoveu ainda redução na fosforilação da ERK induzida por insulina em tecido adiposo branco, enquanto o tratamento com oligonuc1eotídeo antisense MCH levou a um aumento na sua fosforilação em tecido adiposo marrom. Os resultados aqui apresentados trouxeram importantes informações não apenas no que se refere ao controle da ingestão alimentar e termogênese como também no controle central da ação periférica da insulina. Por fim, os resultados apresentados revelam o papel do neurotransmissor MCH como potencial alvo terapêutico na terapia da obesidade e diabetes mellitus tipo2

ASSUNTO(S)

insulina - ação hormonios hipotalamicos - analise metabolismo energetico

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