Efeito da polpa de laranja sobre o crescimento e a gestação em ratas alimentadas com dietas normo e hipoproteicas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

As fibras alimentares podem diminuir a digestão e a absorção de nutrientes e influenciar negativamente sua utilização, dependendo de sua fonte e características físico-químicas. Nos países em desenvolvimento, a população consumidora de grande quantidade de fibra é, geralmente, a mesma que apresenta deficiências nutricionais. Dessa forma, um alto consumo de fibra, aliado à desnutrição, pode dificultar a satisfação das necessidades nutricionais, especialmente em situações de alta demanda energética. Assim, fatores como crescimento, gestação precoce, desnutrição e alto consumo de fibra podem, associados ou não, colocar em risco o desenvolvimento infantil, materno e fetal. Por outro lado, a necessidade de adequação nutricional em condições de desnutrição, abre caminho para o estudo dos efeitos do consumo de fontes alimentares não convencionais em indivíduos nutricionalmente carentes. A polpa de laranja, subproduto da produção de suco, é uma fonte não purificada de fibra alimentar (71,1 % de fibra total) que contém, também, proteína (10,7%), gordura (1,2%) e carboidrato (9,9%). Ratas Wistar de 21 dias foram distribuídas em grupos alimentados com as seguintes dietas: normoprotéicas - 25% de proteína sem (N) ou com (NF) a adição de 20% da polpa de laranja; hipoprotéicas - 6% de proteína sem (H) ou com (HF) a adição de 20% da polpa de laranja. Durante o período pré-puberal, no grupo HF observou-se tendência de maior ganho de peso corporal, em relação ao grupo H. O primeiro ciclo estral foi observado aos 84,6 + 5,4 dias de idade (grupo H), 75,1 + 6,0 dias de idade (grupo HF), e aos 45 dias de idade nos grupos N e NF. Verificou-se redução significativa da taxa de mortalidade no grupo HF (9,8%) em relação ao grupo H (59,2%), nesse período. Após o primeiro ciclo estral, as ratas foram acasaladas e mantidas em gaiolas metabólicas até o sacrifício no 19° dia de gestação. As ratas que engravidaram formaram os grupos G. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos com relação à glicemia, proteínas totais plasmáticas e peso fetal. Verificou-se que as ratas normais grávidas e não grávidas que não receberam a polpa de laranja (grupos N e NG), apresentaram maior ganho de peso e maior eficiência alimentar em relação às demais (grupos H, HF, HFG, NF e NFG). As ratas desnutridas (grupos H, HF e HFG), apresentaram ingestão alimentar e hídrica menores que as ratas normais (grupos N, NG, NF e NFG). As ratas que receberam a polpa de laranja na dieta (grupos HF, HFG, NF e NFG), apresentaram pesos relativos do estômago+conteúdo gástrico e do ceco+cólon maiores, em relação aos grupos H, N e NG. A incidência de gravidez e o tamanho das ninhadas foram menores no grupo NFG em relação ao grupo NG. Não foi observada gestação no grupo HG. A percentagem de fetos reabsorvidos foi maior no grupo HFG, em relação ao grupo NG. A polpa de laranja, devido à sua composição química, proporcionou aumento do teor protéico da dieta possibilitando, nas ratas desnutridas, tendência de maior ganho de peso corporal no período pré-puberal, menor taxa de mortalidade, menor atraso no início da puberdade e presença de gravidez. Por outro lado, a ingestão da polpa de laranja pode ter comprometido a biodisponibilidade e a utilização dos nutrientes da dieta nas ratas normais, face às reduções do ganho de peso no período pós-puberal, do coeficiente de eficiência alimentar, da incidência de gravidez e do tamanho das ninhadas, observadas nesses animais.

ASSUNTO(S)

gravidez desnutrição adolescencia fibras na nutrição animal rato como animal de laboratorio

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