Efeito de agentes anti-hiperestésicos à base de oxalato de potássio na permeabilidade da dentina humana. Estudo In vitro. / Effect of potassium oxalate based dessensitizing agents on human dentin permeability. In vitro study.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

O oxalato de potássio tem sido utilizado no tratamento da hiperestesia dentinária através da precipitação de cristais de oxalato de cálcio intra e extracanaliculares, obstruindo os túbulos dentinários e reduzindo o deslocamento de fluido. O objetivo desse estudo foi analisar in vitro quantitativa e qualitativamente a permeabilidade da dentina tratada com três diferentes formulações à base de oxalato de potássio e um gel fluoretado, sob cinco diferentes pré-ratamentos superficiais. O grau de oclusão dos túbulos dentinários foi avaliado por meio de microscopia eletrônica de varredura, observando a precipitação cristalina, e pela medição da condutividade hidráulica da dentina após a aplicação dos agentes anti-hiperestésicos. A natureza dos elementos químicos que compõem os cristais e os compostos formados foram identificados por meio da microanálise de raios X e da difração de raios X, respectivamente. Para o ensaio de condutividade hidráulica, realizado por meio de um dispositivo específico, foram preparados 200 discos de dentina com 1 mm de espessura, obtidos de terceiros molares humanos extraídos. Os espécimes foram divididos em 20 grupos de dez espécimes, correspondentes a três géis derivados do oxalato de potássio: Oxa-Gel, pH 4,10; Experimental 1, pH 4,02; Experimental 2, pH 2,52, e um gel de fluoreto de sódio acidulado a 1,23% - Nupro (Dentsply) - pH 3,6 a 3,9. Esses materiais foram aplicados na dentina sob as seguintes condições de pré-tratamento: seca com ar; seca com papel absorvente; mantida molhada; acidificada e seca com ar; acidificada e seca com papel. Os ensaios foram realizados na seguinte seqüência experimental: na presença de smear layer; após condicionamento com EDTA 0,5 M, por um minuto; após a aplicação dos materiais-teste e após o desafio com ácido cítrico a 6%, por um minuto. Outros 40 discos de dentina foram selecionados para o estudo em microscopia eletrônica de varredura. Os espécimes foram divididos em quatro grupos de dez espécimes, correspondentes aos quatro agentes anti-hiperestésicos em experimentação. A superfície oclusal dos discos foi dividida em partes, onde foram executadas as quatro etapas da seqüência experimental. Os agentes anti-hiperestésicos foram aplicados na dentina seca com ar, a condição de pré-tratamento de melhor desempenho no teste de condutividade hidráulica. Os discos, após serem desidratados, foram fraturados e metalizados para a análise microscópica. A análise das imagens foi feita com o auxílio do programa ImageLab, que fornecia os valores percentuais das áreas não obstruídas/desobstruídas dos túbulos dentinários para cada condição estudada. A microanálise de raios X foi realizada em oito discos de dentina, tratados dois a dois com um dos quatro agentes anti-hiperestésicos, após a superfície dentinária oclusal ter sido seca com ar. Os espécimes foram preparados da mesma maneira como foram o para microscopia eletrônica de varredura; entretanto, tiveram a cobertura condutora de carbono. Para os ensaios de difração de raios X foram preparados 18 espécimes em forma de disco de dentina e outros nove, de pó de dentina. Dezesseis dos discos de dentina foram tratados com os agentes anti-hiperestésicos na superfície seca com ar, após a remoção ou não da smear layer, durante 3 ou 12 minutos. Os outros dois espécimes serviram como controle, um com smear layer e outro limpo com EDTA. O pó de dentina foi misturado a cada um dos materiais experimentais e filtrado para a análise. Um espécime de pó sem tratamento também foi analisado e utilizado como controle. A análise estatística dos dados fornecidos pelos ensaios de condutividade hidráulica e de microscopia eletrônica de varredura foi realizada por meio da análise de variância e do teste de Duncan (p<0,05%). Independentemente do pré-tratamento de superfície, o material Experimental 2 produziu valores de filtração significativamente menores e o Gel Fluoretado, os maiores. Em geral, a dentina seca com ar foi o pré-tratamento de melhor desempenho e significativamente diferente dos demais. A interação entre material e pré-tratamento de superfície mostrou valores similares de condutividade hidráulica para a maioria das combinações, mas o material Oxa-Gel sob a condição seca com ar mostrou melhor tendência para o decréscimo da filtração, e para resistência a desobstrução ao desafio ácido. A análise microscópica das imagens mostrou que os géis à base de oxalato de potássio formaram precipitados cristalinos na embocadura e no interior dos túbulos dentinários com padrões estatisticamente semelhantes. O material com maior poder obstrutivo foi o Oxa-Gel, mesmo após o desafio com ácido cítrico. As superfícies dentinárias fraturadas, previamente tratadas com derivados do oxalato de potássio, mostraram cristais a uma profundidade média entre 7,52 e 9,41 µm no interior dos túbulos. O Gel Fluoretado mostrou raríssimas formações cristalinas apenas no interior dos túbulos. A microanálise de raios X da dentina tratada mostrou o cálcio, fósforo e oxigênio como os elementos mais encontrados nos espécimes. Na difração de raios X, os espécimes em forma de disco de dentina mostraram-se mais reativos do que os em pó. Os compostos encontrados quando a dentina foi tratada com derivados do oxalato de potássio foram o oxalato de cálcio e o fosfato de cálcio potássio. O fluoreto de cálcio foi observado nos espécimes tratados com o Gel Fluoretado. Os agentes experimentais derivados do oxalato de potássio aplicados na dentina seca com ar têm potencialidade para o tratamento da dentina hiperestésica.

ASSUNTO(S)

dentística

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