Efeito de queimadas em áreas de cerrado stricto sensu e na biomassa de raizes finas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O trabalho apresentado integra o Projeto Fogo, realizado pela Universidade de Brasília, em parceria com a Reserva Ecológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com o objetivo de avaliar os efeitos de queimadas prescritas na vegetação do Cerrado. Existem diversas publicações sobre os cerrados do Brasil Central e alguns comparativos de biomassa de raízes em diferentes fisionomias, mas este estudo traz foco para os efeitos cumulativos do fogo no cerrado sensu stricto. Resultados de 15 anos do Projeto Fogo (UnB/IBGE) indicam que áreas submetidas a queimadas em diferentes épocas e freqüências têm características distintas. Os quatro regimes de queima usados nas quatro áreas de cerrados sensu stricto do Projeto são: bienal precoce (queima a cada dois anos, em junho), bienal modal (em agosto), bienal tardia (em setembro) e quadrienal (a cada quatro anos, em agosto). As quatro áreas de estudo estão sob estes regimes desde 1990 e tinham similaridade de pelo menos 65% entre elas antes do início das queimadas. A biomassa de raízes finas até 5 mm de diâmetro foi obtida com trado nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm, 20-30 cm e 30-50 cm e comparada entre regimes por análises de variância com nível de significância de 5%. Parâmetros para a biomassa aérea - estrato arbóreo-arbustivo; cobertura vegetal arbórea; e estrato rasteiro: componentes grama, não-grama e serrapilheira - também foram obtidos com a finalidade de estabelecer perfis de biomassa para os quatro regimes. A biomassa da área bienal precoce foi de 16,19,9 Mg/ha (arbóreo-arbustivo), 6,72,6 Mg/ha (rasteiro), 15,37,0 Mg/ha (raízes grossas) e 21,515,6 Mg/ha (raízes finas), com densidade de indivíduos de 1742 (diâmetro = 5,0cm) e 3740 (diâmetro = 1,0 cm) e cobertura vegetal de 16,5%. Para a bienal modal, os valores foram de 23,812,6 Mg/ha (arbóreo-arbustivo), 6,20,9 Mg/ha (rasteiro), 20,25,3 Mg/ha (raízes grossas) e 25,38,8 Mg/ha (raízes finas), com densidade de indivíduos de 1106 (diâmetro = 5,0cm) e 6644 (diâmetro = 1,0 cm) e cobertura vegetal 13,6%. Para a bienal tardia, 17,25,2 Mg/ha (arbóreo-arbustivo), 7,01,1 Mg/ha (rasteiro), 20,1 2,2 Mg/ha (raízes grossas) e 19,610,4 Mg/ha (raízes finas), com densidade de indivíduos de 1014 (diâmetro = 5,0cm) e 6405 (diâmetro = 1,0 cm) e cobertura vegetal 7,8%. Para a quadrienal, 18,25,6 Mg/ha (arbóreo-arbustivo), 10,42,2 Mg/ha (rasteiro), 19,94,8 Mg/ha (raízes grossas) e 22,08,0 Mg/ha (raízes finas), com densidade de indivíduos de 1074 (diâmetro = 5,0cm) e 4456 (diâmetro = 1,0 cm) e cobertura vegetal 10,0%. Os resultados mostram diferença entre áreas apenas na parte aérea, o que indica que o regime de fogo não traz diferença entre áreas para a biomassa fina de raízes. Os valores encontrados para biomassa de raízes finas encontram-se na margem superior dos valores descritos para literatura de cerrado sensu stricto e, no caso da modal, são superiores aos da literatura. Isto poderia ser reflexo da entrada de gramíneas nos sistemas queimados, mas a biomassa de raízes não apresentou relação (R2 <0,2) com a biomassa do estrato rasteiro nem com a biomassa de grama.

ASSUNTO(S)

cerrado ecologia fogo raízes finas

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