EFEITOS CARDIOVASCULARES INDUZIDOS POR ANTAGONISTAS ANGIOTENSINÉRGICOS NO BULBO VENTROLATERAL DE RATOS COM HIPERTENSÃO RENOVASCULAR

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os peptídeos do sistema renina-angiotensina (SRA) agem como importantes neuromoduladores sobre a regulação da pressão arterial no bulbo ventrolateral (VLM). A hipertensão renovascular (2R1C) é caracterizada por apresentar altos níveis da Angiotensina (Ang) II um importante componente do SRA. Assim, o objetivo geral do presente estudo foi avaliar os efeitos cardiovasculares produzidos pela microinjeção de Ang II e Ang-(1-7) e seus respectivos antagonistas na VLM caudal (CVLM) e rostral (RVLM) de ratos com hipertensão renovascular (2R1C) e normotensos (SHAM). Ratos machos Fisher (150 a 200g) foram anestesiados com uma mistura de quetamina (50 mg/ kg. ip) e xilazina (5 mg/ kg, ip) para cirurgia 2R1C ou fictícia (SHAM). Após 30 dias, os animais 2R1C e SHAM foram anestesiados com uretana (1,2 g/ kg, ip), posicionados em aparelho estereotáxico para exposição de bulbo e instrumentados para registro da pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC). A sensibilidade da bradicardia reflexa foi avaliada através de doses crescentes de fenilefrina (i.v). Ao final dos experimentos os animais foram sacrificados, os rins foram pesados (peso corrigido pela massa corpórea do animal) e o cérebro submetido à análise histológica. Os ratos 2R1C apresentaram maior porcentagem de redução do rim esquerdo (clipado) em relação ao rim direito (33 2 %, n=36) e aumento da PAM (143 3 mmHg, n=38) em relação aos ratos SHAM (0,3 0,6 %, n=33 e 103 2 mmHg, n=33, respectivamente). A microinjeção de Ang II e Ang-(1-7) na CVLM produziu respostas depressoras similares nos animais 2R1C (-10 1 mmHg, n=5 e -14 2 mmHg, n=8, respectivamente) e em animais SHAM (-11 1 mmHg, n= 6 e -14 2 mmHg, n= 8, respectivamente). Entretanto, a microinjeção na RVLM produziu respostas de maior magnitude nos animais hipertensos 2R1C tanto para Ang II (21 2 mmHg, n=10 em comparação à 11 1 mmHg, n=7; grupo SHAM) como para Ang-(1-7) (21 2 mmHg, n=7 em comparação à 12 1 mmHg, n=4; grupo SHAM). A microinjeção do antagonista de receptor AT1, losartan, na CVLM não produziu alterações na PAM tanto nos animais 2R1C como nos animais SHAM. Na RVLM, no entanto, o losartan produziu efeito pressor tanto nos animais 2R1C (14 3 mmHg, n=14) como nos animais SHAM (14 5 mmHg, n=7). O antagonista de receptor MAS, o A-779, na CVLM produziu efeito hipotensor em animais hipertensos 2R1C (-12 3 mmHg, n=6), enquanto em animais SHAM (-5 2 mmHg, n=8) o efeito hipotensor do A-779 na CVLM foi semelhante ao efeito da salina. Diferentemente, na RVLM, o efeito pressor observado após o A-779 foi semelhante ao da salina tanto nos animais 2R1C como nos ratos SHAM. Estes antagonistas (losartan e A-779) aboliram o efeito depressor (CVLM) e pressor (RVLM) de seus respectivos agonistas, Ang II e Ang-(1-7), por até 30 minutos. Não foram observadas alterações significativas na FC após a microinjeção tanto dos peptídeos como de seus antagonistas na CVLM ou na RVLM. A bradicardia reflexa nos animais com hipertensão 2R1C foi menor (p<0,05) (0,19 0,05 ms/ mmHg, n=15) em relação aos animais normotensos SHAM (0,42 0,01 ms/ mmHg, n=15). A microinjeção do A-779 na CVLM melhorou a bradicardia reflexa em ratos 2R1C (0,44 0,04 ms/mmHg, n=7). Entretanto o A-779 na CVLM não alterou a bradicardia reflexa em animais SHAM (0,35 0,04 ms/ mmHg n=7). Já o bloqueio de receptores AT1 de Ang II na CVLM não alterou a modulação do controle baroreflexo tanto em animais hipertensos 2R1C como em ratos SHAM. Assim, os resultados apresentados nesse estudo sugerem alterações na expressão de receptores para Ang-(1-7) na CVLM no estabelecimento da hipertensão, podendo contribuir para a baixa sensibilidade do controle do barorreflexo em ratos com hipertensão renovascular. Além disso, os resultados mostraram ainda, que não ocorrem alterações na responsividade para as angiotensinas na CVLM em ratos 2R1C, diferentemente no entanto na RVLM, ocorre uma maior responsividade para ANG II e Ang-(1-7) em ratos com hipertensão renovascular 2R1C.

ASSUNTO(S)

antagonistas angiotensinÉrgicos bioquimica renina-angiotensina hipertensÃo renovascular ratos efeitos cardiovasculares

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