Efeitos da administração sistêmica aguda de cocaína nos hormônios ACTH, cortisol e prolactina de micos-estrela (callithrix penicillata)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A cocaína, atuando sobre o Sistema Nervoso Central, induz alterações neuroquímicas, fisiológicas e comportamentais. De fato, a administração deste psicoestimulante influência diversas funções neuroendócrinas como, por exemplo, a ativação do eixo HPA e a inibição da liberação de prolactina. Entretanto, os circuitos neurais ativados e as respostas fisiológicas e comportamentais provocadas pela cocaína, assim como suas possíveis interações, ainda não foram totalmente elucidadas. Desta forma, este trabalho teve como objetivo determinar os efeitos da administração sistêmica aguda de cocaína sobre os hormônios adrenocorticotrópico (ACTH), cortisol e prolactina em micos-estrela (Callithrix penicillata). Para tanto, foi dosada por imunoensaio com detecção quimioluminescente a concentração plasmática/sérica dos hormônios acima citados em nove micos adultos e ingênuos ao procedimento experimental. Este consistiu em coletar, em intervalos de 7-dias, amostras de sangue de cada sujeito 30 e 60-min após a administração ip de 10 e 20 mg/kg de cocaína, e após 0, 30 e 60-min pós-injeção ip de salina. Ademais, os níveis basais de ACTH e cortisol foram determinados de 2 em 2 meses, durante 6 meses após a última injeção da droga. A administração de 20 mg/kg de cocaína aumentou a concentração plasmática basal de ACTH 30-min após a sua injeção, enquanto que depois de 60-min foi observada uma diminuição significativa. Este psicoestimulante também aumentou significativamente a concentração sérica de cortisol dos micos, porém apenas depois de 60-min da injeção de 20 mg/kg. Por outro lado, os níveis séricos de prolactina diminuíram significativamente após a administração de ambas as doses da droga (10 e 20 mg/kg), sendo este efeito observado 30 e 60-min pós-injeção. Por fim, um aumento persistente e gradual mas não significativo foi observado na concentração plasmática de ACTH, principalmente 4 e 6 meses da primeira injeção de cocaína, apesar da concentração circulante de cortisol ter permanecido constante. A concentração dos hormônios avaliados não alterou significativamente após 0, 30 e 60-min da administração de salina. Ademais, os resultados não parecem ter sido influenciados pela administração da droga/salina, coleta de sangue ou análises de imunoensaio quimioluminescente. Contudo, a divisão dos sujeitos em grupos experimentais deve ser considerada ao interpretar os dados de alguns hormônios (ex. prolactina). Portanto, os resultados sugerem que a administração sistêmica aguda de cocaína induz alterações neuroendócrinas significativas em micos-estrela, similares às observadas em outros animais. Estes efeitos seguiram um padrão (temporal) distinto para cada um dos hormônios analisados, possivelmente devido ao seu respectivo mecanismo de controle de liberação (ex. feedback negativo). Novos estudos são necessários para melhor elucidar os efeitos neuroendócrinos e seus mecanismos centrais subjacentes da administração de cocaína, visando possíveis novos alvos farmacológicos para o tratamento de dependentes.

ASSUNTO(S)

ciencias da saude acth cocaína prolactina farmacodependência cortisol

Documentos Relacionados