Efeitos do estradiol 17beta oral baixa dose e drospirenona ou não oral associado à progesterona sobre variáveis relacionadas com função endotelial, inflamação e perfil metabólico em pacientes pós-menopausa recente

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A relação entre risco cardiovascular e terapia hormonal na pós-menopausa é controversa. Ainda que o estrogênio endógeno possa estar associado ao menor risco cardiovascular observado em mulheres na pré-menopausa em relação às pós-menopáusicas, grandes ensaios clínicos, como o WHI, falharam em demonstrar efeito benéfico da terapia hormonal. Estes resultados podem ter sido influenciados por uma série de fatores, sendo os mais importantes: idade média das pacientes e tempo de menopausa superiores às candidatas usuais de terapia hormonal, tipo e dose dos hormônios utilizados. Desenvolvemos ensaio clínico randomizado, cross-over, com objetivo de avaliar os efeitos de dois tipos de tratamento hormonal na menopausa: tratamento oral baixa dose, associação de estradiol 17 β nasal 300 μcg e drospirenona 2 mg, diário e tratamento nâo oral, estradiol 17 β nasal diário e progesterona micronizada vaginal, 200 mg, 14 dias por mês , sobre variáveis relacionadas com inflamação e função endotelial, perfil antropométrico, metabólico e hormonal em mulheres na pós-menopausa recente e sem doença clínica evidente. Quarenta mulheres na pós-menopausa foram alocadas aleatoriamente para iniciar o tratamento hormonal por um dos dois grupos de tratamento: via oral baixa dose (n=20): ou via não oral (n=20). Ao final dos primeiros 2 meses do estudo, o grupo inicialmente tratado com terapia oral passou a receber tratamento não oral por mais 2 meses, e o grupo inicialmente tratado com terapia não oral passou a receber terapia oral também por mais 2 meses. A avaliação laboratorial foi realizada antes e ao final de 2 e 4 meses de tratamento hormonal. A amostra do estudo foi composta por mulheres com média etária de 51,2 ± 2,7 anos e tempo de amenorréia de 23,1 ± 10 meses. Após os primeiros 2 meses de tratamento, não houve diferença significativa entre os tratamentos sobre circunferência da cintura, relação cintura/quadril, índice de massa corporal e níveis de pressão arterial. Colesterol total diminuiu em ambos os tratamentos de forma semelhante. O tratamento oral teve um efeito maior em reduzir os níveis de LDL-C. HDL-C, triglicerídeos, glicemia e insulinemia de jejum, glicemia e insulinemia 2 horas após sobrecarga oral de glicose não se modificaram. PCR e FVWdiminuíram significativamente, e fibrinogênio permaneceu inalterado. Após o período de 4 meses de tratamento hormonal, não houve diferença significativa entre os tratamentos sobre circunferência da cintura, relação cintura/quadril, índice de massa corporal e níveis de pressão arterial. Durante o tratamento oral observou-se redução da circunferência da cintura e da relação cintura/ quadril em relação ao basal. Colesterol total diminuiu em ambos os grupos de tratamento, e HDL-C diminuiu discreta, mas significativamente após o tratamento oral, enquanto triglicerídeos diminuíram durante tratamento não oral. A glicemia 2 horas após sobrecarga oral de glicose apresentou valores mais elevados em relação ao basal após tratamento oral. Em contraste, glicemia e insulinemia em jejum e insulinemia 2 horas após sobrecarga oral de glicose não se modificaram. Níveis de FVW encontraram-se significativamente reduzidos após 4 meses de tratamento hormonal. Em conclusão, os resultados obtidos em nosso estudo sugerem que os tratamentos não induziram efeitos deletérios sobre variáveis relacionadas com risco cardiovascular, a curto prazo, em uma população de mulheres na pós-menopausa recente e aparentemente saudáveis. O tratamento hormonal baixa dose por via oral manteve os efeitos benéficos conhecidos do tratamento hormonal por via oral, a redução do colesterol total e do LDL-C, e evitou os efeitos nocivos tradicionalmente atribuídos à via oral: o aumento de marcadores próinflamatórios, relacionados à disfunção endotelial. O tratamento hormonal por via não oral mostrou-se também uma alternativa segura, não relacionado à modificações no perfil metabólico e nos marcadores de função endotelial.

ASSUNTO(S)

terapia de reposição hormonal early postmenopausal endothelial function pós-menopausa hormone therapy endotélio : fisiologia

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