Efeitos do veneno de Micrurus dumerilii carinicauda na junção neuromuscukar e bo musculo esqueletico de rato

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

A serpente Micrurus dumerilii carinicauda (Md.carinicauda) é uma espécie de coral, encontrada do Norte de Santander, região nordeste da Colômbia, atravessa a Bacia do Maracaibo e estende-se até Caracas no Estado de Miranda, na Venezuela. Pouco se conhece sobre o modo de ação do veneno desta espécie de Micrurus, que contém uma variedade de neurotoxinas e miotoxinas. Neste trabalho, o veneno de M d. carinicauda induziu bloqueio neuromuscular nas preparações nervo frênico-diafragma de rato e biventer cervicis de pintainho. Em ambas as preparações, o veneno (5 ~g!ml) não deprimiu a resposta contrátil evocada pela estimulação elétrica direta. A Neo (5,8 ~) e a 3,4-DAP (230~) antagonizaram, parcialmente, efeito bloqueador neuro~uscular produzido pelo veneno (5, 10 e 20 ~gIml) nas preparações nervo frênico-diafragma de rato, enquanto a~ sucessivas lavagens da preparação com Tyrode foram ineficazes na tentativa de reverter o bloqueio neurotnuscular induzido pelo veneno. Tais resultados sugerem uma ação do veneno nos receptores colinérgicos nicotínicos pós-sinápticos. As contraturas induzidas pela adição de acetilcolina (ACh; 15 J..IM) tanto no diafragma desnervado como no biventer cervicis de pintainho (ACh; 37 tJM) foram inibidas pela ação do veneno (5 J..1g1ml), mas a contratura evocada pela adição do KCI (134 tJM) não foi deprimida. Sugerindo mais uma vez, que a ação do veneno ocorre nos receptores colinérgicos nicotínicos e que não possui ação sobre a fibra muscular, nesta dose estudada. Esta hipótese foi confirmada com o estudo dos potenciais bioelétricos. O veneno, na dose de 5 /-lg/ml, produziu um progressivo decréscimo na amplitude e freqüência dos potenciais de placa terminal em miniatura (pptm) até seu bloqueio completo. A Neo e a 3,4-DAP foram capazes de reverter totalmente o bloqueio dos pptm, sugerindo assim que a ação do veneno (5 /-lg/ml) ocorra pós sinapticamente. O estudo do potencial de membrana mostrou que o veneno (5 /-lg/ml) não possui ação despolarizante sobre a fibra muscular do diafragma de rato, embora os estudos morfológicos tenham demonstrado que este possui ação miotóxica já com esta dose. A dissociação dos efeitos miotóxicos dos efeitos farmacológicos está relacionado com o número de fibras musculares que permaneceram íntegras. O efeito miotóxico do veneno, na preparação nervo frênico-diafragma de rato, mostrou ser dose-dependente. Estudos histológicos e ultra-estruturais mostraram que nas doses de 5 e 10 /-lg/ml o veneno induziu miotoxicidade e, esta foi mais evidente com a dose de 10 /-lg/ml, afetando a integridade do sarcolema de numerosas fibras musculares e produziu desorganização dos sarcômeros e ainda condensação dos miofilamentos. Nestas mesmas doses, o veneno também causou alterações ultra-estruturais sobre a junção neuromuscular, dentre as quais a bipartição do terminal nervoso e invaginação dos processos da célula de Schwann, alterações topológicas na distribuição das vesículas sinápticas, bem como a presença de mitocôndrias degeneradas e indentações ômega, formando pequenas invaginações no axolema. Em conclusão, os resultados sugerem que o veneno induz miotoxicidade nas preparações estudadas, mas o efeito predominante do ocorre nos receptores colinérgicos nicotínicos pós-sinápticos

ASSUNTO(S)

morfologia junção neuromuscular venenos farmacologia

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