Efetividade de um protocolo restrito para reduzir as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso / Effectiveness of a strict guideline to reduce platelet transfusions in very low birthweight preterm infants

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: A trombocitopenia é frequente em prematuros e as transfusões de plaquetas são, muitas vezes, indicadas com base na experiência clínica, e não em evidências científicas. Objetivos: Verificar se um protocolo restrito reduz as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso. Métodos: Coorte retrospectiva de recém-nascidos com idade gestacional <37 semanas e peso ao nascer <1500g nascidos no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. Foram excluídos os prematuros que apresentaram óbito antes de 24 horas de vida ou não possuía nenhuma contagem de plaquetas durante a internação. Os recém-nascidos do Grupo 1, nascidos de jan/02 a abril/04, receberam transfusões de plaquetas se apresentavam: plaquetas <50.000/mL mesmo que clinicamente estáveis; plaquetas <100.000/mL na presença de sangramento ou clinicamente instáveis. Os prematuros do Grupo 2, nascidos de maio/04 a dez/06, depois da adoção de um protocolo restrito, foram transfundidos se plaquetas <25.000/mL mesmo se clinicamente estáveis; plaquetas <50.000/mL se criança em ventilação mecânica com pressão média de vias aéreas >8cmH2O, em uso de drogas vasoativas, antes de cirurgias ou procedimentos invasivos, até 72h após episódio convulsivo, ou tinha menos de sete dias de vida e peso ao nascer <1000g; plaquetas <100.000/mL na presença de sangramento ou cirurgia de grande porte. Os grupos foram comparados quanto às características demográficas e clínicas e necessidade de transfusão de plaquetas usandose teste t, Mann-Whitney ou c 2. Os fatores associados às transfusões de plaquetas foram analisados por regressão logística univariada e múltipla, considerando-se significante p<0,05. Resultados: Foram incluídos no estudo 252 prematuros de muito baixo peso, sendo 119 neonatos no Grupo 1 e 133 no Grupo 2. Os dois grupos eram semelhantes em relação às características demográficas e evolução clínica, com exceção de ocorrência de sepse e trombocitopenia que foram mais frequentes no Grupo 1. A frequência de hemorragia peri-intraventricular, episódios de sangramentos e óbitos intra-hospitalar foi semelhante nos dois grupos. As transfusões de plaquetas foram realizadas em 47 (39,5%) prematuros do Grupo 1 e em 32 (24,1%) do Grupo 2, p<0,001. O número de transfusões de plaquetas/paciente incluído foi maior antes da adoção do protocolo restrito (Grupo 1: 2,4+5,1, Grupo 2: 1,6+4,3, p=0,021) e o número de transfusões de plaquetas/neonato transfundido foi semelhante nos dois grupos (Grupo 1: 5,9+6,6, Grupo 2: 6,5+6,7, p=0,215). A média do número de plaquetas antes das transfusões foi maior no Grupo 1 (35.234+30.000 vs. 26.999+14.184, p<0,001). À análise de regressão logística múltipla, observou-se que nascer antes da adoção do protocolo restrito duplicou a chance de receber transfusões de plaquetas, comparado aos nascidos após a sua implantação. Conclusão: O uso do protocolo restrito reduziu as indicações de transfusões de plaquetas sem alterar a evolução clínica de prematuros de muito baixo peso.

ASSUNTO(S)

recém-nascido de muito baixo peso prematuro trombocitopenia transfusão de plaquetas unidade de terapia intensiva neonatal pediatria very low birthweight infants preterm infants thrombocytopenia platelet transfusions neonatal intensive care unit

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