Entre o velho e o novo : estrategias de participação no trabalho

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

A gestão participativa vem sendo introduzida nas empresas brasileiras por iniciativa da administração. Contudo, sua implementação depende de todos atores sociais envolvidos no processo. Sendo assim, é importante analisar experiências concretas para avaliar possibilidades de participação de trabalhadores. Esta tese consiste em um estudo qualitativo descritivo, com o objetivo principal de investigar possibilidades de participação e perfil profissional de trabalhadores de três categorias profissionais (operador, monitor e chefe de fábrica), inseridos em três unidades produtivas de um grupo industrial do Estado de Santa Catarina, que desenvolve estratégias de participação de trabalhadores. Os dados principais foram coletados através de entrevistas e observação direta e analisados pelo método de análise de conteúdo proposto por Bardin (1994). Os resultados confirmam a hipótese de que os trabalhadores apresentam apenas formas limitadas ou parciais de participação, considerando as três dimensões analisadas: grau de controle, tipo de questões e nível organizacional. Quanto menor o nível hierárquico, menores são as possibilidades de participação dos integrantes de cada categoria profissional. As concepções dos entrevistados sobre participação revelam que eles tendem a transferir as limitações de sua experiência participativa no trabalho para outros contextos sociais. Foram, também, observadas diferenças na participação dos trabalhadores das três fábricas investigadas, sendo, justamente, os integrantes da unidade mais moderna os que menos participam no trabalho. Estes resultados contrastam com observações de autores, como Zuboff (1988), que sugerem que organizações modernas tendem a ser mais participativas. O grupo industrial investigado passa por um momento de transição, de convívio entre o velho e o novo, o que se reflete nos perfis de seus integrantes. Nele coexistem dois tipos de trabalhadores: antigos e novos. O novo perfil de trabalhador apareceu com maior clareza na unidade mais moderna. A gestão participativa da empresa não foi capaz de, efetivamente, ampliar a distribuição do poder e, com isto, requerer um trabalhador mais capacitado para o exercício autônomo e criativo. Entretanto, a presença de perfis heterogêneos de trabalhadores corrobora com a concepção de um sujeito ativo, capaz de resistir às pressões organizacionais

ASSUNTO(S)

identidade social participação trabalho administração de empresas - participação dos empregados

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