Epônimos anatômicos em Cardiologia dos anos 60 ao século XXI

AUTOR(ES)
FONTE

Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-03

RESUMO

INTRODUÇÃO: Epônimo, do Grego [epi, "sobre"] + [ónoma, nome de pessoa ou objeto], é uma pessoa, real ou fictícia, que dá ou empresta seu nome a alguma coisa. Epônimos são usados diariamente na Medicina, nos anos de clínica médica, e são parte da tradição, cultura e da história da Medicina. Os epônimos nos conectam com as mentes notáveis do passado, trazem vida à Medicina. Há muitas pessoas que ficariam felizes em defender que os epônimos devem se abolidos, mas, no entanto, as propostas nas entrelinhas de tal raciocínio não chegam sequer a convencer parte dos profissionais de Saúde Pública. Usam amiúde uma alegação bastante fraca: falta-lhes precisão, levam à confusão, impedem o debate científico e são, meramente, um "ponto de apoio". Muitas vezes, a pessoa homenageada nem foi a primeira a descrever a condição, são difíceis de aprender, imprecisos, redundantes, etnocêntricos e assim por diante. Apesar de toda a inconveniência, todos aqueles favoráveis ao uso dos epônimos fazem apenas uma singela afirmação: os epônimos em Medicina continuarão a ser usados porque há sentido histórico no seu uso. Estão em uso na vida moderna, ou seja, os epônimos estão aqui para ficar. MÉTODOS: O presente estudo tem como objetivo contextualizar a presença dos epônimos anatômicos de uso comum, usados nos mais renomados e conhecidos Atlas e Livros-Textos de Anatomia Humana, fazendo uma jornada do mais antigo ao mais recente, compreendendo o período dos anos 60 até o ano de 2011, considerando o sistema circulatório, especialmente o coração. As três Terminologias Anatômicas Internacionais foram essenciais como embasamento científico inconteste do presente estudo. Os critérios de exclusão foram síndromes, doenças, sinais, anomalias, procedimentos cirúrgicos, índices, escores, testes, classificações e métodos que são usados como epônimos em Cardiologia, uma vez que não são considerados termos anatômicos. O propósito do presente estudo foi mostrar que diferentes epônimos representam a mesma estrutura anatômica. RESULTADOS: Uma lista com os 25 epônimos mais comuns listados pela Terminologia Anatômica Internacional é apresentada na Tabela 1. CONCLUSÃO: Os epônimos devem ser banidos? Claro que não, porque permanecem como uma reflexão útil da história médica. Provamos, por meio de uma jornada dos anos 60 até 2011, que os melhores Atlas e Livros-Textos de Anatomia Humana disponíveis não usam tantos epônimos em Cardiologia. São apenas 25 (com a exclusão de artérias, veias e nervos do sistema circulatório), e todos os autores não usam mais do que nove ou 12 epônimos. Gostaríamos apenas de alertar os profissionais e estudantes da área de Saúde e ciências correlatas que o uso de epônimos é "extremamente contrarrecomendado", quando utilizado às custas de uma estrutura anatômica.

ASSUNTO(S)

cardiologia anatomia epônimos terminologia

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