Estimativa da diversidade genética da piraíba (Brachyplatystoma filamentosum Lichtenstein, 1819) e da piraíba negra (Brachyplatystoma capapretum Lundberg e Akama, 2005), na Amazônia Brasileira, inferidas por meio do DNA mitocondrial: subsídios para manejo e conservação / Estimates of genetic diversity of piraíba (Brachyplatystoma filamentosum, Lichtenstein 1819) and black piraíba (Brachyplatystoma capapretum, Akama and Lundberg 2005), in the Brazilian Amazon, inferred by mitochondrial DNA: subsidies to management and conservation.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A piraíba (B. filamentosum, Siluriformes: Pimelodidae) possui uma ampla distribuição na bacia amazônica, ocorrendo a partir dos rios costeiros do estado do Amapá até os cursos d`agua que cortam o sopé da cordilheira dos Andes. Desde a década de 1970 já havia dúvidas sobre a existência de uma ou mais espécies chamadas de piraíba, mas apenas em 2005 uma nova espécie denominada piraíba negra (Brachyplatystoma capapretum) foi descrita, com base em caracteres morfológicos. Há poucos dados sobre a biologia da piraíba e os que existem geralmente são tratados em conjunto com outras espécies de grandes bagres. Esta tese é escrita em dois capítulos. No primeiro capítulo, as duas espécies popularmente conhecidas como piraíba (Brachyplatystoma filamentosum e B. capapretum) e oriundas dos desembarques pesqueiros realizados em nove regiões inseridas em calhas de rios de águas brancas da Amazônia brasileira, foram caracterizadas geneticamente por meio do sequenciamento da região controle do DNA mitocondrial. Para um total de 337 amostras, foi verificado que em média, na totalidade da área amostrada 66,81% dos peixes pertenciam à espécie B. filamentosum e 33,19% à espécie B. capapretum. Os valores de diversidade haplotípica foram altos em ambas as espécies, entretanto, a diversidade nucleotídica foi maior em B. filamentosum. Esses valores foram comparados aos valores de diversidade nucleotídica da região controle de outras espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação na Amazônia, e sugerem que do ponto de vista genético, B. filamentosum e principalmente B. capapretum necessitam de medidas urgentes de manejo visando sua conservação. O modelo de substituição nucleotídica de Tamura-Nei revelou que a divergência genética entre as duas espécies foi de 0,1018. Esse valor poderá ser usado como referência para estudos relacionados às distâncias genéticas de outras espécies do gênero Brachyplatystoma. O segundo capítulo teve como objetivo inferir sobre a estrutura genética de B. filamentosum na Amazônia brasileira, por meio do sequenciamento da região controle do DNA mitocondrial. Para isso foram analisadas 262 amostras de B. filamentosum oriundas da captura comercial em nove regiões caracterizadas por possuir rios de águas brancas, duas regiões com rios de águas claras e uma região com um rio de águas pretas. A SAMOVA resultou em um Fct de 0,62079 para k=3 grupos, nos quais as regiões amostradas se agruparam de acordo com o tipo de água. A análise filogenética indicou a existência de três clados que possuem uma forte relação com a distribuição geográfica dos três tipos de águas da bacia amazônica. Os clados relacionados às águas claras e pretas revelaram baixos valores de diversidade haplotípica (π=0,0037 e 0,0036, respectivamente). Os resultados foram discutidos no contexto evolucionário da bacia amazônica e também revelaram a necessidade de ações de manejo com fins conservacionistas para B. filamentosum.

ASSUNTO(S)

piraíba (peixe) amazônia recursos pesqueiros e engenharia de pesca pesca variabilidade genética piraíba negra (peixe) dna mitocondrial manejo

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